União Européia restringe importação de carne brasileira
Segundo Nina Papadoulaki, porta-voz do comissário europeu de Saúde e Proteção ao Consumidor, Markos Kyprianou, a lista de fazendas aprovadas ainda será definida. A Comissão Européia (o braço executivo do bloco europeu) não tem estimativas de quantos abatedouros podem ser excluídos.
Apenas os estabelecimentos que cumprem com todas as exigências européias para exportação serão aprovados, e a lista poderá ser revisada à medida que sejam comprovadas melhorias em algum abatedouro.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) diz que a decisão da Comissão Européia "não altera substancialmente as normas vigentes atualmente".
"A decisão da União Européia confirma a sanidade e a qualidade da carne brasileira e está muito longe de atender as pressões restritivas patrocinadas pelos interesses comerciais de alguns produtores da Irlanda e de regiões da Grã-Bretanha", diz um comunicado da Abiec.
Rastreabilidade
A decisão da União Européia foi tomada com base nas conclusões de uma inspeção realizada no país em novembro pelo Departamento de Alimentação e Veterinária (FVO, na sigla em inglês), responsável pelo controle sanitário no bloco.
De acordo com Bruxelas, a missão detectou "uma série de graves e repetidas deficiências nos sistemas de saúde animal e rastreabilidade do Brasil".
A principal deficiência apontada pelos técnicos europeus diz respeito à implementação do sistema brasileiro de rastreamento de gado, responsável por garantir que a carne enviada à Europa não seja proveniente de zonas proibidas de vender para o bloco.
A União Européia exige que todos os animais destinados à exportação sejam incluídos nesse sistema.
Bruxelas afirma que a criação da lista de abatedouros credenciados foi a melhor forma que encontrou para aumentar as restrições sobre a produção brasileira sem ter que recorrer a um embargo total, como pediam autoridades e produtores britânicos e irlandeses.
A carne certificada até de 31 de janeiro poderá ser exportada até 15 de março de 2008.
Atrás apenas da Rússia, a União Européia é o segundo maior mercado para a carne brasileira, sendo responsável pela importação de US$ 1,5 bilhão do produto em 2006.
Vinho
A União Européia também anunciou nesta quarta-feira que vai promover, a partir de agosto de 2008, a erradicação de 175 mil hectares de vinhedos em seu território.
A iniciativa faz parte de uma polêmica reforma com a qual o bloco pretende melhorar a competitividade de seu setor vitivinícola frente aos chamados "vinhos do novo mundo".
Os vinhos europeus enfrentam sua maior crise em decorrência do excesso de produção local e da popularização de vinhos procedentes principalmente do Chile, da Argentina, da Califórnia e da África do Sul.
Bruxelas pretende convencer os produtores menos competitivos a abandonar o setor por meio de compensações financeiras, cujos valores serão definidos pelos governos nacionais.
A reforma também simplifica as categorias de denominação de origem e indicação geográfica protegida nos rótulos e permite que todos os vinhos europeus indiquem a variedade e a safra da uva utilizada, uma característica até agora reservada aos vinhos de qualidade.
A erradicação dos vinhedos deverá ser feita em três anos.
Colaborou Denize Bacoccina, de Brasília
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