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Nacional
Quinta - 20 de Dezembro de 2007 às 02:41
Por: Angela Lacerda

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SOBRADINHO - Após 23 dias em greve de fome, o bispo de Barra (BA), d. Luiz Flávio Cappio, desmaiou e foi internado nesta quarta-feira, 19, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Memorial, em Petrolina (PE), por decisão do médico Klaus Finkam em acordo com os familiares do religioso. Segundo o médico, a internação pôe fim ao jejum iniciado no último dia 27. A Comissão Pastoral da Terra da Bahia (CPT) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNNB), no entanto, negam a informação e dizem que d. Cappio irá decidir quando estiver consciente.

"Ele está semiconsciente, com o estado geral comprometido e será internado por determinação minha para evitar possíveis danos permanentes", afirmou o médico.

À noite, já em Petrolina, João Franco Cappio, irmão do bispo, desautorizou a Articulação do São Francisco Vivo “ou qualquer outra pessoa” de outros movimentos a falar em seu nome. “Só quem pode falar pelo frei Luiz é a família e o médico”, afirmou. “A greve de fome acabou.”

Franco contou que foi ele quem providenciou a ambulância e que o bispo estava na UTI, “não por necessidade, mas para ser medicado, porque está muito fraco”. O irmão insistiu em que d. Luiz foi levado ao hospital com sua autorização e da família. “Ele disse, faz o que o senhor achar melhor, doutor.”

Rita, irmã de d. Luiz, disse que o desmaio de d. Luiz foi resultado das notícias sobre o Supremo. “Ele já estava debilitado e levou um choque ao saber da decisão.”

"Muito abalado", segundo sua assessoria, com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de liberar as obras, Cappio desmaiou na tarde desta quarta enquanto discutia uma nota para repercutir o julgamento. "É um desalento muito grande", disse o bispo antes de desmaiar, de acordo com o coordenador da Pastoral da Terra, Rubens Siqueira.

Entrando no 23º dia em greve de fome, d. Cappio, que tem 61 anos, emagreceu mais meio quilo e pesa agora 63,5 quilos. Desde o início do jejum, ele emagreceu 9 quilos. No boletim médico divulgado mais cedo, pelo frade franciscano e clínico geral Klaus Finkam, d. Cappio havia se queixado de dores em todo o corpo, no início da noite da última terça, mas conseguiu dormir.

Decisões do STF

Em duas decisões nesta quarta-feira, 19, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu liberar imediatamente a retomada das obras de transposição do Rio São Francisco. As decisões foram dadas em caráter liminar e o mérito da reclamação ainda precisa ser julgado pelo STF, ainda sem data para ocorrer.

Na primeira, o ministro Carlos Alberto Direito atendeu a uma reclamação da Advocacia-Geral da União que contestava a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, na semana passada, que alegava que o governo não teria cumprido todos os requisitos legais para dar continuidade à obra.

Na segunda, por seis votos a três o STF negou o pedido do Ministério Público para paralisar a obra de transposição do Rio São Francisco, em caráter liminar. Assim como a primeira decisão, o julgamento vale até que o STF aprecie o mérito da ação civil, em data ainda não definida. Prevaleceu no julgamento a tese de que o governo está tomando todos os cuidados e cumpriu todos os pré-requisitos necessários para a liberação da obra.

Na noite de terça, o bispo enviou ao presidente Lula, em Brasília, uma contraproposta para interromper sua greve de fome. A primeira de oito exigências listadas no documento é a suspensão das obras de transposição do Rio São Francisco, com a retirada das tropas do Exército.

No entanto, o Palácio do Planalto rejeitou as duas principais exigências feitas pelo bispo. Por volta de 17 horas, a assessoria do presidente Luiz Inácio Lula da Silva comunicou por telefone à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que o governo rejeitava a suspensão das obras de transposição do rio São Francisco e a mudança no projeto oficial, com a redução do volume de água para os Estados de Pernambuco e Paraíba.

AS 8 REIVINDICAÇÕES

1. Manter a suspensão das obras, com retirada imediata do Exército

2. Adução de 9 m³ por segundo de água para áreas de PE e PB

3. Realização de obras previstas pela ANA

4. Apoio a projetos de armazenamento de água para consumo

5. Revitalização da Bacia do Rio São Francisco

6. Revitalização dos Rios Jaguaribe, Piranhas-Açu e Parnaíba

7. Apoio técnico na elaboração do Pacto das Águas

8. Plano de Desenvolvimento Sustentável para o semi-árido





Fonte: O Estado de S. Paulo

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