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Nacional
Quarta - 19 de Dezembro de 2007 às 19:48

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ARAÇATUBA, SP - A Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo anunciou hoje a intervenção na Central de Regulação de Vagas de São José do Rio Preto, no interior paulista. Uma falha teria causado a morte de duas gêmeas prematuras na semana passada. Ao mesmo tempo, a Polícia Civil de Fernandópolis (SP) abriu um inquérito policial para apurar homicídio culposo com eventual negligência médica.

As crianças morreram no dia 12 e sexta-feira (14). Elas eram filhas da doméstica Rita de Cássia dos Santos, de 28 anos, internada no dia 10, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), na Santa Casa de Misericórdia de Fernandópolis. Em trabalho de parto, com 29 semanas de gravidez, Cássia deveria ter sido transferida para uma unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal, mas foi mantida na cidade porque não haveria vagas disponíveis em UTIs da região, mas, posteriormente, se descobriu que os leitos disponíveis existiam, três deles na Santa Casa de Votuporanga, a 20 quilômetros de Fernandópolis.

No dia 12, quando a vaga surgiu, em Jales, a 40 quilômetros de Fernandópolis, era tarde; com o parto impossível de ser adiado, os médicos do município retiraram a primeira criança, morta, do útero da mãe, e a segunda, com infecção, foi levada para a Santa Casa de Jales, onde morreu dois dias depois. A intervenção, determinada pelo secretário de Saúde do Estado, Luiz Roberto Barradas Barata, servirá, segundo nota da secretaria, para que se faça "um raio X dos procedimentos adotados pela central" e aponte "possíveis mudanças no processo de distribuição de leitos na região". Uma sindicância interna também foi aberta para apurar possíveis falhas no encaminhamento de Cássia.

De acordo com a pasta, o processo de intervenção será coordenado por técnicos da central Regiões de Saúde. Os técnicos chegam amanhã a São José do Rio Preto para avaliar os pedidos de vagas e transferências feitas nos últimos meses. O levantamento final deverá ser concluído em janeiro com uma análise do trabalho desenvolvido pela central.

Inquérito

O delegado do 2º Distrito Policial (DP) de Fernandópolis, José Flávio Guimarães, abriu hoje um inquérito policial para investigar as responsabilidades no caso, que é acompanhado também pelo promotor de Justiça Dênis Henrique da Silva. Guimarães disse que ouvirá parentes da doméstica que estiveram com ela até a morte das crianças. Ele também quer ouvir o hospital sobre a conduta dos médicos. Segundo Guimarães, a investigação é para apurar homicídio culposo com eventual negligência médica.

Cássia prestou depoimento hoje e, por 20 minutos, contou como foram os momentos passados na Santa Casa. Segundo Guimarães, a doméstica reclamou de dores e estava abalada emocionalmente. "Não é por menos, mas vamos apurar essa história com carinho e seriedade", disse o delegado do 2º DP de Fernandópolis.

"Não me conformo em saber da maneira como perdi minhas filhas, pois havia vagas aqui perto, não me conformo com isso", disse a doméstica. "Por que não me transferiram? Eles sabiam que eu não poderia ter as filhas ali no hospital", questionou. Segundo Cássia, os médicos tinham conhecimento de que o parto seria prematuro desde o dia 29, quando passou a ficar de repouso total a pedido da médica.

"Alguém precisa ser responsabilizado pelo meu sofrimento, mas pobre é assim mesmo; se eu tivesse dinheiro minhas filhas não teriam morrido", afirmou. Cássia disse que soube que as filhas morreram por falha no atendimento somente ontem, quando o caso foi divulgado. "Não me conformo com isso, não me conformo", afirmou.




Fonte: AE

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