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Internacional
Quinta - 13 de Dezembro de 2007 às 22:35

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WASHINGTON, 13 dez 2007 (AFP) - Após seis difíceis anos de conflito, depois dos atentados do 11 de Setembro, os dirigentes americanos começam a se inclinar para o "soft power" e sua idéia de que a diplomacia e a persuasão são a melhor maneira de recuperar influência em um mundo marcado pela instabilidade e por novas ameaças.

Esta mudança de ponto de vista, nascida no próprio Pentágono, prefere a diplomacia, a ajuda econômica e as ações civis para impedir novas guerras e chegar à paz no Iraque e no Afeganistão.

O secretário da Defesa, Robert Gates, resumiu este novo enfoque em um discurso na Universidade do Kansas (centro) no final de novembro, no qual pediu um forte aumento dos fundos destinados a reforçar o poder civil.

"Batemos contra um muro no Iraque, e as pessoas se deram conta de que a situação não era tão boa e que era tempo de mudar", avalia Joseph Nye, professor da Universidade de Harvard e ex-membro do Pentágono.

Nye popularizou o termo "soft power" (em contraposição a "hard power") em várias obras, nas quais considera que a influência dos Estados Unidos depende, de forma crucial, de sua capacidade de atrair e convencer aliados, investindo em ações positivas.

"Desde o 11 de Setembro, os Estados Unidos exportam o temor e o ressentimento, mais do que os valores tradicionais de esperança e otimismo", destaca um relatório publicado recentemente por uma comissão presidida por Nye e Richard Armitage, ex-secretário de Estado adjunto. Em conseqüência, "a suspeita frente ao poder americano se aprofundou".

A idéia "de que não investimos o suficiente no 'soft power' se desprende das observações de Gates", aponta Nye.

De fato, o secretário da Defesa lembrou que os 37 bilhões de dólares destinados por ano pelos EUA à Política Externa são "uma debilidade desproporcional", em comparação ao orçamento da Defesa, de 500 bilhões de dólares anuais.

Isso significa que 6.600 diplomatas custam o mesmo que um único porta-aviões, diz Nye, citando, como exemplo, que a Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAid) viu seu efetivo ser reduzido de 15.000 para 3.000 pessoas.

Em relação ao financiamento e aos efetivos, as agências civis americanas não conseguiram cumprir com a demanda de especialistas nas zonas de guerra.

O general James Conway, comandante do corpo de Marines, recordava recentemente que, após ter conquistado Bagdá em 2003, os Marines foram enviados para estabilizar o sul do Iraque. As equipes de experts em governança que iriam ajudá-los "nunca chegaram".

Para Conway, é preciso financiar agências especializadas em "soft power" para que "desenvolvam um novo tipo de mentalidade no corpo expedicionário, com pessoas impacientes para partir para o exterior e começar a trabalhar".

O Departamento de Estado busca financiamento para um corpo de especialistas civis que poderia ser deslocado com este fim.

Os militares se anteciparam, ao pensar na maneira de utilizar civis para trabalhar na segurança. O novo Comando para a África, que o Pentágono quer instalar, é um claro exemplo disso.

Normalmente, deveria ser co-dirigido por um alto responsável do Departamento de Estado e integrado por efetivos provenientes de agências civis. "Corre o risco, porém, de que, finalmente, seja composto por militares", e isso "preocupa muito o Departamento de Estado", destaca Robert Hunter, ex-representante americano na Otan.

Por outro lado, os responsáveis militares "chegaram à conclusão de que as insurreições são muito difíceis de combater, motivo pelo qual seria melhor não começar por um conflito", explicou Robert Perito, analista do US Institute of Peace (Instituto Americano da Paz).




Fonte: AFP

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