Igualdade entre sexos avança em ritmo lento na América Latina
A igualdade entre homens e mulheres avança a passos lentos na América Latina em temas como o salário, de acordo com um relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), divulgado nesta terça-feira, que reconhece, contudo, progressos no acesso à educação, ou na representação política.
O documento, "Desenvolvimento do Milênio 2006: um olhar para a igualdade entre os sexos e a autonomia da mulher", conclui que, apesar de, nos últimos anos, as mulheres terem passado a ocupar espaços cada vez mais importantes na tomada de decisões, "continuam sobre-representadas entre os pobres e sub-representadas na política".
"As mulheres não conseguiram romper o mandato cultural que as leva a realizar os trabalhos domésticos, assim como pela ausência dos homens nas atividades de cuidar dos filhos", explica o texto apresentado na sede da Cepal.
"A responsabilidade primária do cuidado da casa limita seu tempo e suas oportunidades de participar no mercado de trabalho, reduzindo-se, em longo prazo, o acesso das mulheres a benefícios de seguridade social", ressalta o informe.
Essa situação leva as mulheres a terem uma participação na renda total da região de cerca de 33%, contra 67% dos homens.
A maioria das mulheres da região desempenha atividades domésticas não remuneradas. Aquelas que trabalham fora fazem-no em atividades de baixa qualificação e, em todos os casos, recebem em média salário 24% menor do que um homem que desempenha a mesma atividade.
A diferença entre o salário entre homens e mulheres aumenta nas zonas rurais, assim como entre as mulheres com mais nível educacional, de acordo com o texto.
Entre os avanços, o documento da Cepal destaca a eliminação das desigualdades entre os gêneros no acesso à educação.
"O acesso e a cobertura em educação para ambos os sexos é uma das áreas mais bem-sucedidas da região", aponta o relatório, acrescentando que, na maioria dos países latino-americanos, o número de alunas matriculadas no ensino médio e superior é maior do que o de estudantes do sexo masculino.
São visíveis também alguns avanços em matéria de representação política, com uma representação parlamentar na América Latina de 20%, em 2006, que se situou acima da média mundial, de 17%.
Mesmo assim, "a paridade aparece, ainda, como um horizonte distante", conclui o relatório da Cepal.
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