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Internacional
Segunda - 10 de Dezembro de 2007 às 22:14

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HAVANA - Cuba disse na segunda-feira que autorizará a partir de 2009 a presença de monitores de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) no país, mas no mesmo dia policiais à paisana dissolveram uma manifestação alusiva ao Dia Internacional dos Direitos Humanos.

O chanceler Felipe Pérez Roque disse que a ilha vai assinar até março a Declaração Internacional da ONU sobre Direitos Civis e Políticos, além de um pacto similar sobre direitos econômicos e sociais. O tratado foi adotado em 1976, no auge da Guerra Fria.

Ele disse que no começo de 2009 Cuba vai se abrir a inspeções regulares do recém-criado Conselho de Direitos Humanos da ONU. Cuba sempre rejeitou a presença de um relator especial indicado pelo órgão anterior, a Comissão de Direitos Humanos, que Havana dizia ser manipulada pelos EUA.

"Esta decisão reflete nosso desejo de plena cooperação com as Nações Unidas sobre a base de respeito por nossa soberania nacional e pelo direito do povo cubano à sua auto-determinação", disse Pérez Roque em entrevista coletiva.

Minutos depois, numa praça perto dali, policiais à paisana dispersaram uma pequena manifestação de dissidentes que pediam a libertação de presos políticos. Dois manifestantes foram levados presos, segundo testemunhas.

Seguidores do governo, aparentemente sob coordenação dos agentes, vaiaram os dissidentes e gritaram "Viva Fidel".

Dez espanholas que participaram de uma outra passeata na véspera afirmaram que estão detidas em seus hotéis, depois de terem os passaportes confiscados, à espera da deportação.

Cuba afirma não haver presos políticos na ilha e diz que todos os dissidentes são "mercenários" a soldo dos EUA.

"Nem as manipulações que o governo dos EUA encenou, às vezes com um punhado de mercenários que paga e dirige em nosso país, nem a pressão sobre outros países vai alterar nosso rumo", disse Pérez Roque.

Segundo ele, a maioria dos cubanos apóia o regime socialista.

No mês passado, um relator especial da ONU visitou Cuba pela primeira vez em uma década. Jean Ziegler, relator especial para o direito à alimentação, elogiou o regime comunista por garantir que ninguém passe fome, apesar das sanções norte-americanas e da crise econômica desde o colapso da União Soviética.

Um diplomata ocidental disse que a adesão de Cuba aos tratados de direitos humanos da ONU é um "gesto" aguardado há muito tempo.

"O real problema ainda são os presos políticos. Muitos países assinaram ambos os pactos e ainda violam direitos humanos em enorme escala", disse um diplomata europeu.

O veterano ativista Elizardo Sánchez disse que esse é um passo "positivo", mas duvidou que o regime vá libertar os cerca de 240 presos políticos.




Fonte: Reuters

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