Cristina Kirchner toma posse na Argentina
A cerimônia de posse, que teve a presença de uma dúzia de presidentes, incluindo o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, foi liderada por Néstor Kirchner, marido na nova chefe de Estado da Argentina.
Cristina recebeu no Congresso o bastão presidencial, das mãos de Néstor, antes de pronunciar seu primeiro discurso como presidente. Ainda hoje ela seguirá para a posse de seus ministros na Casa Rosada.
"Continuar com o atual trabalho levará a uma mudança qualitativa na área institucional sem precedentes na Argentina", afirmou ela, em entrevista no sábado (8).
"Não queremos mais viver em um país onde tudo muda a cada quatro anos. Ninguém pode viver deste modo, não é possível para as empresas, que precisam de continuidade nos investimentos, ou para os trabalhadores", continuou Cristina.
Jantar de gala
No domingo, o casal Kirchner ofereceu no Palácio San Martín, sede da chancelaria, um jantar de gala aos líderes e representantes convidados para a posse.
Cristina, uma advogada de 54 anos militante da esquerda peronista na década de 70, comandará um país que em apenas quatro anos cresceu 45%, após a pior crise econômica de sua história.
Seu plano de governo prevê uma melhor distribuição de renda e a redução da persistente pobreza em algumas regiões do país, incluindo a Grande Buenos Aires, e a administração de uma inflação crescente, que segundo os analistas já está em torno de 15 a 20%.
Conhecida como "filha de trabalhadores", Cristina pretende ser a artífice de uma renovada etapa de industrialização que sirva de base para um novo modelo de crescimento econômico, para contrapor as idéias neoliberais que dominaram os anos 90.
No plano internacional, a futura presidente tentará melhorar as relações com os Estados Unidos e aprofundar os laços com os países europeus.
Um dos primeiros desafios de Cristina será tirar do atoleiro as relações com o Uruguai, abaladas pela crise envolvendo uma fábrica de celulose no país vizinho, situação que também afeta o Mercosul, o bloco integrado ainda por Brasil e Paraguai.
Novo governo
A continuidade está clara no atual gabinete, que manteve a maioria dos ministros do governo passado, mas a pasta da Economia irá para Martín Lousteau, um jovem de 36 anos que preside o Banco da Província de Buenos Aires, a segunda entidade financeira do país.
Lousteau, com experiência no setor bancário, é um defensor do câmbio competitivo e estável, além de possuir um claro perfil "produtivista", o que garantirá a permanência da aliança com a indústria.
Cristina afirmou, em uma recente entrevista, que o objetivo de sua gestão será "aprofundar o projeto iniciado em 2003", quando seu marido assumiu a presidência.
"Nós realizamos, nessa primeira etapa, o 'macro': projetamos um modelo de acumulação econômica baseado na industrialização, transformação e valor agregado. A próxima etapa será baseada na gestão 'micro', onde tentaremos identificar as atividades econômicas que necessitam de mais investimentos e tecnologia".
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