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Cidades/Geral
Segunda - 10 de Dezembro de 2007 às 10:08

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Os índios continuam irredutíveis. No quarto dia de ocupação do canteiro de obras das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), em Sapezal, os índios Enawenê Nawê ainda estão com 350 funcionários. O clima na região é tenso, mas as pessoas não são mantidas como reféns. "Eles podem sair se quiserem, os índios não impedem. Mas os patrões pediram para os funcionários não deixarem o lugar", explica o administrador regional da Funai, Carlos Márcio Vieira Barros.

Os índios receberam as equipes armados com arco e flecha, inclusive atingindo alguns veículos com flechadas. A Polícia Militar acompanha o processo, sem intervir, para evitar um confronto e garantir a integridade de quem está no local. Os trabalhadores das usinas estão sendo mantidos no pátio da empresa. No final de semana foi autorizada a entrada de comida para os reféns e a garantia, de que caso seja necessário, será permitida a entrada de ambulância no local.

Houve uma reunião no sábado (8) com representantes da Funai, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Casa Civil, Opan e Empresários. Nada ficou definido e uma nova reunião ficou marcada para esta terça-feira (11) com titulares do Ibama e Funai, além do Ministério Público. As etnias Paresi, Mi-Ki, Rikbatsa e Nambiquara também vão participar das discussões. As estradas da região estão liberadas.

Esta reunião ocorrerá com a presença do vice-presidente e diretor de Assistência da Funai, Aloysio Guapindaia e do procurador da República Mário Lúcio Avelar, representando o Ministério Público Federal. Participarão da reunião também os superintendentes da Casa Civil, Sema e o prefeito de Sapezal.

O protesto não é contra o funcionamento das usinas, já que todos os procedimentos estão corretos, com todos estudos aprovados, inclusive com o acompanhamento da Funai e Ministério Público Federal. Os indígenas reclamam da forma de distribuição da compensação financeira para comunidades afetadas com a construção das PCHs.

Os índios cobram a realização de um estudo de distribuição paralelo, por parte dos órgãos competentes. Eles querem discutir a forma dessa divisão dos recursos financeiros (compensação), que no caso é repassado para a Funai e depois revertido em benefícios das referidas etnias.

Licença Ambiental

O complexo energético que está sendo construído na sub-bacia do alto rio Juruena (que envolve a região em conflito), com a instalação de oito Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), só obtiveram a renovação das Licenças de Instalação (LI´s) da Secretaria do Estado do Meio Ambiente (Sema), no início de 2006, após a realização de uma Avaliação Ambiental Integrada, da autorização da Fundação Nacional do índio (Funai) e de um acordo firmado com as comunidades indígenas quando foi especificada uma série de projetos a serem desenvolvidos na região.

Com o acompanhamento do Ministério Público Federal e Estadual, foram realizados todos os procedimentos legais, inclusive a realização de audiências públicas. Além da Avaliação Ambiental Integrada, foi realizado ainda o EIA/RIMA para a PCH Jesuíta, com a realização de novas audiências públicas.

Além disso, a renovação das LI´s só foram concedidas pela Sema devido as características da sub-bacia. As terras indígenas que ficam próximas ao local (a mais próxima a cerca de 30 quilômetros da PCH que fica mais a juzante) onde as PCHs estão sendo construídas, não sofrerão impactos ambientais, de acordo com todos os estudos realizados.

Apenas 10% da água que abastece estas aldeias são provenientes do local onde as Pequenas Centrais Hidrelétricas estão sendo construídas. Os outros 90% chegam de outros rios afluentes. Quanto aos peixes, a principal fonte de alimento destas aldeias, também não sofrerá qualquer impacto.

No alto rio Juruena existe uma cachoeira, de mais de 25 metros, que é uma barreira natural muito antiga. Há milênios os peixes não sobem esta barreira, não chegando no local onde as PCHs estão sendo construídas. Ou seja, o conjunto de peixes que habitam a região das aldeias também não será alterado.

Os alimentos para os peixes das aldeias também não sofrerão alterações. A água onde as PCHs estão sendo construídas é praticamente destilada. Ou seja, o solo e a vegetação da micro-bacia do Alto Rio Juruena filtram praticamente todos os nutrientes que iriam para dentro do rio. Com isso, o local não aporta nutrientes que poderiam ser consumidos pelos peixes.





Fonte: Redação TVCA

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