Japão enforca 3 e gera debate sobre pena de morte
As autoridades japonesas enforcaram três homens nesta sexta-feira e divulgaram o nome dos condenados ao público pela primeira vez na história do país, levantando discussões sobre as políticas de sigilo envolvendo as execuções da pena de morte no Japão.
Noboru Ikemoto, Seiha Fujima e Hiroki Fukawa foram executados nesta sexta-feira e se tornaram os primeiros condenados a terem os nomes revelados pelo governo japonês desde a implementação da pena de morte no país, em 1907.
O Japão e os Estados Unidos são os dois únicos países industrializados do mundo com pena de morte. Ao contrário dos norte-americanos, no entanto, as autoridades japonesas, que antes mantinham em segredo o nome dos executados, também não informam ao prisioneiro a data da execução até poucos momentos antes de levá-los para a forca.
As execuções desta sexta-feira foram autorizadas pelo Ministro da Justiça, Kunio Hatoyama, que ocupa o cargo desde agosto. Para se afastar das críticas, Hatoyama consultou um grupo de especialistas e opositores à pena de morte para realizar reformas no sistema e decidiu divulgar o nome dos condenados.
"A nova medida serve para promover uma melhor compreensão das famílias e do público sobre como as execuções são apropriadas", diz o Ministro.
A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional, apesar de protestar contra as execuções, afirma que a nova medida representa uma "abertura na atual prática das execuções em sigilo no país".
Segundo os críticos, o sigilo sobre o momento da execução é mantido para evitar apelos de última hora. Já para o governo japonês, a prática reduz a pressão psicológica exercida sobre as famílias das vítimas.
Segundo a Anistia Internacional, o regime japonês é duro e rigoroso. "Os prisioneiros vivem solitários e confinados, com medo constante da execução. Eles não sabem se cada dia vai ser o último", afirma um porta-voz da organização.
Atualmente, 104 condenados estão no corredor da morte no Japão. Somente neste ano, as autoridades já executaram nove prisioneiros.
Pesquisas de opinião pública realizadas no país apontam que apenas 6% da população são contra a prática da pena de morte.
Até 1998, o Ministério da Justiça japonês não divulgava as execuções, apenas fornecia um total anual sobre o número de execuções realizadas pelo governo. Apenas nos últimos dez anos o Ministério passou a informar quantos condenados são executados por dia.
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