Chávez quer nova votação para reforma
Durante a madrugada desta quarta-feira (5), em um programa de televisão, ele lembrou que não pode, por lei, apresentar o mesmo projeto. Mas disse que a Assembléia Nacional, que é dominada por chavistas e aprovou quase que por unanimidade a reforma constitucional enviada pelo Executivo, e o povo podem reapresentar uma proposta para reformar a Carta venezuelana antes do término de seu mandato, em 2013.
A ampliação do mandato presidencial (de 6 para 7 anos) e a possibilidade de reeleições ilimitadas são dois dos pontos mais polêmicos da proposta de Chávez.
Logo após reconhecer a derrota do governo no referendo, Chávez disse em seu discurso da madrugada de segunda-feira (3) que algumas das propostas de reforma da Constituição seguem vivas. Mas o presidente não detalhou na ocasião como pretende implantá-las, ou mesmo se vai sugerir novas votações no futuro.
Nesta quarta-feira, em outro evento, desta vez com militares, Chávez disse que sua derrota foi de "coragem". Também classificou o triunfo obtido pela oposição de "vitória de merda".
A frase de Chávez ("victoria de mierda", no original em espanhol) tem significado semelhante em português, segundo a professora de literatura espanhola da USP Laura Hosiasson. E deve ser interpretada como uma tentativa de desqualificar a vitória dos oposicionistas.
"Foi uma frase dita em um linguajar coloquial, chulo, sendo que a palavra 'mierda' tem o mesmo sentido de 'merda' em portugês. Há também a conotação de desqualificação: ele quis dizer que essa vitória não vale nada", afirmou a professora.
Visão dos EUA
Na última segunda-feira (3), no dia em que foi conhecido o resultado do referendo, um importante assessor da Presidência dos Estados Unidos disse nesta segunda-feira (3) que a derrota do presidente Hugo Chávez no referendo na Venezuela é uma "notícia positiva". Nicholas Burns é sub-secretário de Estado do governo de George W. Bush. Ele fez a declaração durante uma visita oficial a Cingapura, na Ásia.
Em entrevista ao canal News Asia, disse: "Devo dizer que essa é uma notícia positiva. Ao que parece, foi uma vitória dos cidadãos da Venezuela."
As autoridades norte-americanas já haviam demonstrado seu descontentamento com o governo Chávez. Disseram que ele prejudicava a estabilidade da região.
A porta-voz da Casa Branca afirmou que a vitória do "Não" no referendo "é um bom presságio". "As pessoas disseram o que pensavam e votaram contra as reformas recomendadas por Hugo Chávez e acho que isso é um bom presságio."
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