Chegada de cacique deve resolver situação dos reféns em Barra do Bugres
Os policiais aguardam a chegada da cacique Cleuza Soripa, que estava no Nordeste participando dos Jogos Indígenas, para entrar em contato com os índios para negociar a libertação dos reféns na aldeia Umutina, em Barra do Bugres (168 quilômetros de Cuiabá). Estão detidos desde segunda-feira o delegado da Polícia Civil, Márcio Moreno Vera, o soldado Carlos Francisco e o cabo José Teixeira Sobrinho, ambos da Polícia Militar de Mato Grosso. O motivo foi uma apreensão de 400 quilos de peixe, pescado de forma irregular na aldeia.
A cacique chegou em Cuiabá hoje, às 8h e está a caminho do local. Enquanto isso, os índios não permitem a entrada e a saída de ninguém da aldeia. O trecho está cercado pelas Polícias Civil, Militar e Federal. Para libertar os reféns, eles reivindicam uma pensão no valor de R$ 1650 por família. O que para eles seria uma garantia de sustento durante o período de Piracema. Ao todo, 109 famílias vivem na aldeia Umutina. "Em alguns fatores, infelizmente os índios estão irredutíveis, principalmente nos valores que pediram hoje. Mas vamos voltar com as negociações, para ter um final da melhor forma possível", afirmou o comandante da Polícia Militar, Coronel José Rodrigues.
Além disso, os índios pedem R$ 80 mil como resgate. Ontem, a Funai ofereceu R$ 40 mil. Eles não aceitaram. Hoje de manhã, a mãe do delegado que está mantido como refém teria oferecido os outros R$ 40 mil. A proposta não foi aceita pelo Governo do Estado.
Neste momento, policiais estão reunidos para traçar novas estratégias de contato e libertação dos reféns.
Última negociação
Ontem, a negociação durou mais de cinco horas. Uma comissão formada por representantes da Funai, da prefeitura de Barra do Bugres e das Políciais Civil, Militar e Federal tentou chegar a um acordo com os indígenas, mas sem sucesso. "Houve uma reunião entre eles, e decidiram que iriam voltar à aldeia, manter os reféns. Enquanto nós buscamos, em outras esferas, uma melhor proposta para eles", disse o Secretário do Governo José Aparecido de Carvalho.
O representante da Funai disse que a instituição já tinha conhecimento sobre a comercialização de pescado no período de Piracema, na aldeia. "Já sabíamos que ia acontecer isso. Mas imaginávamos que iam bloquear estrada, não prender policiais", diz o administrador substituto da Funai,em Mato Grosso, Benedito César Garcia Júnior.
As negociações terminaram no início da noite, mesmo assim a polícia continuou com escolta montada, bloqueando todas as entradas e saídas da aldeia. Durante a tarde, por telefone, a cacique da aldeia, Cleuza Soripa, que está em Brasília, informou que as negociações só serão retomadas no período da manhã, quando ela estiver de volta a aldeia. "O povo Umutina nunca fez isso, nunca ofereceu violência. Esta violência aconteceu porque ninguém está ouvindo o povo Umutina. Mas eu estou muito triste, muito sentida com isso". Sobre a libertação dos reféns, ela diz que eles estão sendo bem tratados. "Ninguém foi espancado, já deram comida pra eles. Pedi para libertar!"
Comentários