Inflação chega ao fim do ano pressionada por alimentos
A inflação vai chegando ao final do ano ainda pressionada, especialmente, pelo item alimentação - movimento registrado tanto no atacado como no varejo. IGP-DI, da FGV, e o IPC da Fipe encerraram o mês de novembro com altas acima do previsto, respectivamente, 1,05% e 0,47%. Nos dois casos, vários alimentos se destacaram entre os maiores avanços. No caso do IGP-DI, no atacado, milho subiu quase 15%; bovinos, 10,45%; e laranja, 26%. No mesmo índice, só que no varejo, carnes subiram 5,8% e arroz e feijão, 6,55%. Já na composição do IPC da Fipe, o item alimentação registrou avanço de 1,75%, confirmando trajetória de alta registrada ao longo de todo o mês de novembro.
A evolução desses índices só confirma que a inflação do ano deve ficar mais próxima da meta, de 4%. Como alimentos seguem pressionados no mercado mundial, por conta, principalmente, da expansão do consumo, não se pode esperar cenário muito diferente para 2008. Principalmente porque fatores climáticos podem voltar a comprometer safras. O aquecimento global já é um fator que influencia as projeções. E ainda tem a questão do etanol, especialmente o produzido a partir do milho, que pode continuar pressionando toda uma cadeia de alimentos, como aconteceu em 2007. O milho ficou mais caro. Como entra na composição das rações junto com a soja, a soja também ficou mais cara. Acompanhando os dois produtos, as rações também registraram avanço de preços e, consequentemente, as carnes também apresentaram variações maiores.
A produção agropecuária tende a crescer, até porque o aumento de preços estimula os produtores rurais, especialmente no Brasil, onde as condições climáticas e geográficas dão espaço para a expansão da área plantada e da produção. Mas, com o atual nível de consumo, os preços tendem a permanecer em patamar mais elevado. Sem esquecer dos outros fatores citados.
No ano que vem, alimentação pode não exercer tanta pressão como aconteceu neste ano. Porém, não dá para contar com qualquer colaboração no sentido de uma queda mais acentuada dos índices de inflação. Não dá, enfim, para contar com a âncora verde (que não é o dólar) no controle dos preços.
Embora não seja um item muito sujeito à influência da política de juros, pelo menos não de uma forma direta, esses aumentos dos preços de alimentos tendem a impor maior cautela na condução dos juros, já que empurram os índices de inflação para cima e há uma meta a ser cumprida. Portanto, alimentação será, com certeza, um item a ser monitorado com muita atenção em 2008 e poderá ajudar a definir o momento para a retomada dos cortes dos juros aqui no Brasil.
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