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Internacional
Segunda - 03 de Dezembro de 2007 às 07:08
Por: Claudia Jardim/De Caracas

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O presidente venezuelano, Hugo Chávez, reconheceu a derrota no referendo popular sobre seu projeto de reforma constitucional, que pretendia abrir caminhos para a implementação de seu projeto socialista no país.

Com 90% dos votos apurados, 50,7 % dos votos eram a favor do “Não” e 49,29% pelo “Sim”.

“Digo do fundo do meu coração: por várias horas fiquei me debatendo num dilema, mas agora já estou tranqüilo e espero que os venezuelanos também (...) não se sintam tristes", disse Chávez, em cadeia nacional, imediatamente após conhecer os resultados oficiais.

“Essa é mais uma demonstração da credibilidade que devemos ter em nossas instituições, na nossa democracia bolivariana. (...) Agradeço aos que votaram pela minha proposta e, aos que votaram contra a minha proposta, agradeço e parabenizo", afirmou o presidente venezuelano.

“Esse é o caminho e tomara que (os partidários da oposição) deixem para sempre (...) os caminhos da desestabilização e da violência. A democracia venezuelana está amadurecendo.”

Revés político

Esse é o primeiro revés político de Chávez em nove anos de governo e após nove processos eleitorais consecutivos. Com a derrota, Chávez tende a “desacelerar a revolução”.

"Por enquanto, não foi possível", afirmou o presidente venezuelano, repetindo a frase que o projetou politicamente após uma tentativa de golpe em 1992 contra o governo de Carlos Andrés Perez.

Chávez disse que foi uma derrota “muito pequena” no caminho de uma “grande batalha”, recordando que mais de 49% dos venezuelanos optaram pelo seu projeto socialista.

“Continuaremos trabalhando, faremos um esforço ainda maior para alcançar a máxima inclusão social, a igualdade como princípio do sistema (socialista). Em breve, encontraremos a maneira”, disse Chávez.

O anúncio oficial dos resultados eleitorais foi marcado por tensão, já que o Conselho Nacional Eleitoral demorou quatro horas para emitir o primeiro boletim oficial. A oposição passou a pressionar e a exigir um pronunciamento oficial.

A partir do anúncio irreversível da vitória emitido pelo CNE, a oposição venezuelana - que desde o fracassado golpe de Estado de 2002 tinha perdido espaço e credibilidade no país - saiu às ruas para comemorar a vitória.

A praça Altamira e as ruas do leste de Caracas foram tomadas por um grupo de manifestantes, que celebraram a vitória durante toda a madrugada.

Abstenção

O governo atribuiu a derrota ao alto nível de abstenção no referendo, de 44,9%: "A abstenção nos derrotou", justificou Chávez.

A participação neste referendo foi consideravelmente inferior à das últimas eleições presidenciais e do último referendo realizado em 2004, quando a abstenção foi de 25,3 e 30%, respectivamente. O referendo popular não requer uma quantidade mínima de eleitores participantes para ser válido.

O referendo foi votado em duas partes. O bloco A tinha 46 artigos, dos quais 33 foram propostos por Chávez e 13, pelos parlamentares.

De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral, 50,7% dos venezuelanos votaram contra o primeiro bloco de artigos submetido à consulta, enquanto 49,29% optaram pelo "sim" no referendo realizado neste domingo.

Além disso, 51,05% rejeitaram o segundo bloco de artigos, enquanto 48,94% o aprovaram.

Entre as propostas do primeiro bloco estavam a reeleição imediata do presidente sem limites de candidaturas, a redução da jornada de trabalho de 40 a 36 horas semanais, o fim da autonomia do Banco Central e a reestruturação do território venezuelano, entre outros.

No Bloco B, estavam os 23 artigos restantes indicados pelos parlamentares, entre eles o polêmico 337, que limitava o acesso à informação nos casos de estados de exceção, e o que previa a autonomia universitária.





Fonte: BBC Brasil

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