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Internacional
Quinta - 29 de Novembro de 2007 às 22:59

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Em vez de aproveitar a polarização política que divide a Venezuela às vésperas do referendo sobre a reforma constitucional para radicalizar, a oposição reuniu milhares de pessoas nesta quinta-feira (29) no centro de Caracas para fazer um discurso moderado. A intenção era atrair chavistas e ex-chavistas que podem não estar completamente satisfeitos com a proposta governamental de uma nova Carta Magna.

"Não queremos derrubar Chávez, estamos apenas defendendo a democracia em nosso país. Esta reunião é um pedido de socorro, para que a população venezuelana e o mundo não nos deixem nas mãos de um ditador", afirmou o carpinteiro Enrique Sobrinho, que participou do evento, a última grande marcha permitida aos opositores. Na sexta-feira (30) será a vez dos apoiadores de Chávez ocuparem as ruas da capital.

O referendo vai ocorrer no próximo domingo (2). Os 16 milhões de eleitores vão dizer "Sim" ou "Não" às mudanças na Constituição propostas pelo governo de Hugo Chávez.

O carpinteiro Enrique veio com sua família de uma região pobre de Caracas. Foi um dos primeiros a chegar à avenida Bolívar, pouco após o meio dia, sob sol e calor intensos.

"Temos sete netos e nos falta leite, frango e óleo. O governo está cada vez mais rico, mas, em vez de ajudar sua população, prefere comprar títulos da dívida argentina. Chávez devia olhar mais para seu povo", continuou Sobrinho. "Estamos defendendo a nossa pátria e o direito de não aceitar desmandos."

A professora de ensino médio Diorkes Torrealba voltou ao mesmo discurso horas depois, num lugar longe do palco, bem no meio da avenida Bolívar, uma espécie de avenida Paulista de Caracas, longa,cheia de grandes prédios e com três faixas de rolamento em cada sentido da pista.

"Não estamos aqui para pedir que Chávez deixe de ser nosso presidente, apenas para dizer não ao seu plano de ficar para sempre", disse. Ela contou que até votou em Chávez na última eleição. "Mas hoje me tornei anti-chavista. Ele nos enganou."

Junto a ela, o contador Rafael Molina ecoava: "que continue no poder, como presidente, mas não como um ditador sádico."

Confronto

Apesar de moderados, os oposicionistas se dizem confiantes na vitória. "Estamos aqui por isso. Acreditamos que vamos derrotar o governo", disse o funcionário público aposentado Gabriel Carpio.

Confiança à parte, os dezenas de milhares de partidários do "Não" que se reuniram no centro da cidade se dizem preparados para aceitar pacificamente uma eventual derrota nas urnas, admitindo aceitar a reforma constitucional se esta for a vontade da maioria dos eleitores.

O discurso muda completamente, entretanto, quando se menciona a possibilidade de o "Não" vencer, mas Chávez não aceitar a derrota. "Neste caso, vamos derrubá-lo, vamos às ruas. Pode ser uma verdadeira guerra civil."

Paz

Diferentemente de atos anteriores, o desta quinta-feira ocorreu sem grandes problemas. Não houve registros de confrontos ou feridos, e a região parecia num clima de grande alegria.

Famílias, jovens estudantes, casais de idosos: todos cantavam incessantemente as músicas do grupo da oposição, repetindo centenas de vezes, em conjunto, o grito pelo "Não".

O último ato do grupo do "Sim" deve ocorrer nesta sexta-feira. As duas manifestações foram separadas para evitar confrontos violentos entre os dois opostos.




Fonte: G1

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