Cerca de 30% dos caminhoneiros usam drogas no trabalho, mostra pesquisa
O uso de drogas, principalmente as anfetaminas, entre os motoristas profissionais, cresce a cada dia. Hoje, cerca de 30% dos caminhoneiros fazem uso freqüente de alguma substância ilícita. A conclusão é de uma pesquisa do Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso (MPT/MT). Depois das anfetaminas, a droga mais consumida é a cocaína. O objetivo é o mesmo: ficar acordado e conseguir trabalhar por mais horas seguidas.
O problema do consumo de drogas entre caminhoneiros foi debatido hoje (29) em audiência pública na Câmara dos Deputados. Representantes dos trabalhadores, dos patrões, da agência reguladora do setor – Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) – e de procuradores federais tiveram a possibilidade de apresentar argumentos para elaboração de projetos de lei sobre o assunto.
Uma das propostas apresentadas foi a de restringir o tráfego de caminhões nas estradas das 22h às 5h. A idéia é obrigar que os caminhoneiros tenham pelo menos um período de descanso. Paulo Douglas de Morais, procurador do MPT/MT, explicou que “o uso de drogas está intimamente ligado a uma jornada maior”.
A anfetamina consumida nas estradas brasileiras é conhecida popularmente como rebite. O custo médio da droga é R$ 20. O médico Lamberto Mário Henry afirmou que “hoje, em quase todos os postos de gasolina, tem alguém para oferecer a droga, que causa euforia, insônia e energia em um primeiro momento, mas depois gera depressão”.
A pesquisa revelou também que 31% dos caminhoneiros trabalham mais do que 16 horas por dia, o dobro do recomendado pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Essa realidade está presente na vida de mais de 1 milhão de caminhoneiros. De acordo com o estudo, o problema é maior entre os autônomos, que recebem por produção e, por isso, tendem a extrapolar ainda mais a jornada de trabalho. Eles respondem por 60% dos trabalhadores.
Outra pesquisa, realizada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) entre janeiro e outubro deste ano, reafirma os dados do estudo de Mato Grosso. Dos 103 mil acidentes com veículos ocorridos no período, mais de 40% envolviam ônibus, microônibus ou caminhões. Além disso, 30% dos motoristas desses veículos admitiram consumo regular de álcool e mais de 23% apresentaram sintomas de sonolência diurna.
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