Morales defende nova Constituição em comício em La Paz

LA PAZ, 26 Nov 2007 (AFP) - O presidente da Bolívia, Evo Morales, defendeu nesta segunda-feira a nova Constituição, após os protestos contra a nova Carta que deixaram quatro mortos e dezenas de feridos na cidade de Sucre.

Morales, que discursou na Praça das Armas de La Paz, lançou um forte ataque contra as "oligarquias de Santa Cruz e a oposição de direita", liderada pelo ex-presidente Jorge Quiroga.

"É falso quando (a direita) diz que esta nova Constituição vai acabar com a propriedade privada (...) Promovem falsas versões", disse Morales.

O presidente boliviano se uniu ao trecho final de uma passeata que percorreu mais de 193 km durante uma semana para exigir do Senado - controlado pela oposição - a aprovação de uma pensão mensal para pessoas com mais de 60 anos, que seria financiada com a participação dos departamentos na renda com os hidrocarbonetos.

"Alguns dirigentes cívicos, alguns governadores estão pensando apenas em sua empresa para enriquecer mais (...) sem pensar no povo boliviano (...) quando defendemos que a água nada deve custar, já que é um direito humano, o consumo de energia e outros".

"Queremos que esta nacionalização (dos hidrocarbonetos) seja blindada pela nova Constituição (...) que nunca mais se privatize, nunca mais se entregue às multinacionais" do petróleo.

Morales voltou a exigir uma investigação das mortes em Sucre e garantiu que a bala que matou "este companheiro doutor (o advogado Gonzalo Durán) não veio da polícia".

A mobilização contra a Assembléia Constituinte começou no início da semana passada, mas se radicalizou quando este foro - forçado a deliberar em uma sede militar em Sucre - aprovou no sábado a estrutura da nova Carta Magna da Bolívia, sem a presença da oposição.

O foro deliberativo não acolheu a reivindicação centenária regional de recuperar para Sucre as sedes dos poderes Executivo e Legislativo que La Paz possui, após ganhar uma guerra civil no século XIX.

Nos protestos, morreram três civis e um policial.