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Nacional
Segunda - 26 de Novembro de 2007 às 21:53

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Bancados pelos contribuintes brasileiros, vereadores de diversos municípios do país viajam para o exterior com a desculpa de participar de congressos. No entanto, o passeio é mais turístico do que a serviço. Em alguns casos, os eventos são desmarcados por falta de quorum, mas as despesas pagas são garantidas mesmo assim. Basta comprar um certificado de participação e prestar as contas em seguida.

No 7º Congresso Sul-Americano de prefeitos, vereadores e assessores, em Buenos Aires, tudo foi pago com verba pública. Pela programação, a quinta-feira (22) seria um dia cheio de atividades ligadas ao encontro. Mas a notícia dada no saguão do hotel aos inscritos foi outra: por falta de quorum, não haveria congresso nenhum.

A informação de última hora agradou a presidente da Câmara de Vereadores de um município do interior de Minas Gerais. “Então, cancelou o evento, nós podemos passear à vontade”. Em seguida, a preocupação. “Nós vamos ganhar um certificado dizendo que a gente esteve aqui. Nós temos que ganhar, senão nós estamos perdidos para prestar contas."

Outras regalias

Em junho de 2007, um produtor da TV Globo acompanhou um congresso de cinco dias do Instituto Brasileiro de Apoio aos Municípios (Ibram) em São Paulo e se apresentou como assessor parlamentar. O primeiro dia era só para credenciamento, mesmo assim os vereadores recebiam a diária. Um representante do instituto informou que o último dia era de encerramento e entrega do certificado de participação. Também com despesa reembolsada.

Os outros três dias seriam de palestras e mesas redondas. No entanto, de acordo o funcionário do Ibram, tudo foi concentrado em uma única conferência, assistida por menos da metade dos inscritos. Das 27 pessoas que se inscreveram, apenas 12 se fizeram presentes.

E mesmo sem atividade alguma, ainda era possível fazer a inscrição na hora. É ela que garante o certificado de freqüência para que as câmaras municipais paguem as despesas. Segundo o representante do Ibram, vinha gente do Brasil inteiro. Um grupo da cidade de Itaguaí, no estado do Rio de Janeiro, teria pago, recebido a papelada e ido passear na Rua 25 de Março, famosa pelo comércio popular da capital paulista.

Quatro meses depois, no mesmo hotel de São Paulo, mais um congresso do Ibram. O produtor da TV Globo acompanhou o evento novamente e conseguiu comprar o certificado no penúltimo dia. Pagou R$ 298. Ele levou sem problemas o documento, como se tivesse participado por quatro dias das palestras.

O instituto que organiza os congressos promove sete encontros por mês no Brasil. Além dos internacionais, como o de Buenos Aires. Não haveria nem motivo para isso, já que três dos quatro palestrantes anunciados eram brasileiros.




Fonte: G1

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