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Internacional
Domingo - 25 de Novembro de 2007 às 21:05

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O presidente da Bolívia, Evo Morales, atribuiu a "grupos de delinquentes" os distúrbios em Sucre, que causaram três mortes e deixaram mais de 130 feridos neste fim de semana, e deu como certa a ratificação de sua nova Carta Magna, aprovada por 136 dos 255 participantes da Assembléia Constituinte.

Em mensagem transmitida pela televisão, Morales não falou concretamente sobre os mortos, dois manifestantes e um policial, mas pediu uma investigação "urgente e imparcial" para encontrar os responsáveis pelos distúrbios.

O presidente também acusou o líder opositor e ex-presidente Jorge Quiroga, chefe da aliança direitista Poder Democrático e Social (Podemos), de ter promovido e "previsto" a violência na cidade.

Morales felicitou os "movimentos sociais", como chama os partidos e sindicatos que apóiam seu Governo, por terem apoiado a Assembléia Constituinte e a aprovação em primeira instância da nova Carta Magna, ocorrida no último sábado, em um colégio militar nos arredores de Sucre.

O chefe de Estado garantiu que a nova Constituição será referendada e aprovada pelo povo boliviano por meio de um plebiscito, como previsto na legislação atual do país.

O projeto de Constituição de Morales foi aprovado ontem pelos constituintes governistas, à revelia de todos os opositores, em uma sessão improvisada, e sem que fossem cumpridos todos os trâmites previstos, motivo pelo qual não se sabe até agora quais foram os pontos admitidos.

O governante disse que a nova Carta Magna garante as autonomias departamentais e indígenas, assegura a nacionalização dos hidrocarbonetos e declara como "direitos humanos" os serviços básicos de água, energia e telecomunicações, para que não se tornem negócios privados.

Também garante, segundo Morales, a luta contra a corrupção, para investigar fortunas suspeitas e coloca a possibilidade de revogar os mandatos dos prefeitos, governadores regionais e do próprio Presidente. Segundo ele, "estes são os temas importantes em uma transformação democrática, à qual se opõem os grupos oligárquicos e neoliberais do país".

Polícia se retira

O chefe de polícia da Bolívia, general Miguel Vásquez, ordenou neste domingo (25) a retirada de seus oficiais da conturbada cidade de Sucre (sudeste), por falta de garantias. Um policial boliviano, Jimmy Quispe Carazas, morreu após ser linchado por uma multidão na madrugada, durante os choques entre forças de segurança e grupos de manifestantes.

"Não existindo as garantias, o alto comando policial e o Estado-Maior geral decidiram a retirada de todos os oficiais até que se apresentem as garantias correspondentes", afirmou Vásquez em uma entrevista coletiva.

Dois jovens manifestantes também morreram nos distúrbios, um no sábado e outro no domingo, segundo fontes hospitalares da cidade. O primeiro foi Gonzalo Durán, advogado de 29 anos, que morreu com um tiro no peito. O outro jovem, ainda não identificado, faleceu por causa de um traumatismo no tórax.

Fontes policiais afirmam que os manifestantes continuam atacando e saqueando estabelecimentos da Polícia, em meio a um completo descontrole e caos em Sucre, cidade na qual 170 criminosos já fugiram das prisões.

O coronel José Galván, chefe da Polícia no departamento de Chuquisaca, cuja capital é Sucre, disse que seus agentes queriam deixar a cidade, pois a situação é "incontrolável".

Desde a sexta-feira há distúrbios em Sucre, onde os constituintes do partido do presidente boliviano, Evo Morales, aprovaram ontem à noite, à revelia da oposição e em primeira instância, o texto de uma nova Constituição para o país.

Fotógrafos atacados

Um grupo de jornalistas que cobria a manifestação foi atacado e ameaçado de morte pelos policiais bolivianos. Entre eles havia jornalistas do jornal El Deber, o de maior tiragem do país, do consórcio de TV privado PAT e pelo menos um fotógrafo da agência de notícias France Presse.

Os jornalistas se refugiaram em uma casa particular a um quarteirão do quartel da Polícia.

Jornalista morta

Em outro incidente, Lola Almudevar, repórter britânica da rede de notícias BBC, morreu em um acidente de carro enquanto se dirigia a Sucre, para cobrir os confrontos. Com ela, estavam outras quatro pessoas, incluindo um redaor da agência britânica Reuters, Eduardo García Gil, que se feriram.

O automóvel dos jornalistas se chocou contra dois veículos pesados que estavam parados na estrada, depois de uma batida na cidade andina de Ayo Ayo, durante a madrugada.

A esposa do taxista que levava os jornalistas, Clotilde Fernández, também faleceu, assim como outras três pessoas não identificadas que estavam nos outros carros envolvidos na colisão.




Fonte: G1

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