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Cidades/Geral
Sábado - 24 de Novembro de 2007 às 10:49
Por: Adriana Vandoni

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Pra tudo nessa vida existe um limite. O amor e o ódio não são infinitos, um dia o sentimento acaba ou ao menos esmaece. A tolerância com os fatos corriqueiros da vida também é assim. Um belo dia você acorda e pensa: porque ainda não reagi? Porque aceito o que me incomoda sem iniciar uma mudança? Daí você começa a se questionar se merece ou não viver essa situação. E pode estar certo: a culpa é nossa. Nós sempre somos os responsáveis por cada coisa que nos acontece.

O que é preciso fazer para mudar? Infelizmente nada muda por si só. O processo de mudança é inerte, não acontece sem que antes tenhamos chutado o pau da barraca. É preciso iniciar uma revolução, desconstruir para construir algo novo. Não, não uma revolução ao molde dos fascistas, que utilizam a ignorância como massa de manobra, nem tanto, mas uma revolução de conceitos, uma revolução no modo de ver e sentir as coisas, construindo a coragem de defender a verdade dos fatos, sem se intimidar por fascistas travestidos de democratas defensores dos pobres. Sem essa coragem de revolucionar os conceitos, tudo permanecerá como está, e o Brasil, ah, o Brasil, continuará na mão desses neo-burgueses, os burgueses do dinheiro público.

Como é possível calar quando esses fascistas têm a coragem de defender a ideologia que já matou mais de 100 milhões de pessoas pelo mundo afora?, batendo no peito como orgulhosos defensores de genocidas. Como é possível ficar quieto ouvindo suas asneiras como se fossem verdades, intimidados para não sermos taxados de “reacionários” por esses fascistas. Como é possível aceitar declarações do tipo “desviei sim tal recurso, mas não foi para enriquecimento próprio, foi por uma causa”, como se a causa legalizasse o crime. Esses antes “guardiões da ética” agora se lambuzam no dinheiro público pela “causa”. Farsantes!

Não consigo me acomodar com isso. Não tenho dom para viver nem na ignorância, nem na mentira. Por isso, com muito orgulho, reajo contra essas atitudes e me lixo a essas pessoas que me chamam de golpista – não foram poucas. Esses que me chamam assim, estão incutindo na população que reagir é um ato golpista, querendo lembrar a ditadura militar, mas agora são defensores da ditadura militar na Venezuela. Daí a importância de uma revolução de conceitos, só ela será capaz de romper com essa mentira exaustivamente contada.

Sou parte daquelas que, como escreveu Reinaldo Azevedo, faz parte da mídia do contragolpe. Aliás, em seu texto ele mostrou bem que os verdadeiros golpistas são esses cínicos que estão fazendo do roubo uma ideologia, que estão usando a democracia para solapar a democracia e que separam o joio do trigo, mas escolhem o joio. Por fim ele acrescenta que “golpista é defender tiranias e ditaduras”.

Felizmente ainda tenho as minhas palavras para gritar e combater esses atos vis. Mas, e daí?, as vezes me perguntam! Isso não leva a nada! Onde é que você vai chegar com isso tudo, com as denúncias e as batalhas que trava? Onde vou chegar, não sei, mas travo cada uma dessas minhas batalhas com as armas que possuo com o dom que Deus me deu. E faço de tudo para que a inquietação não deixe de me impulsionar a ação. Travo minhas batalhas pelo que acredito, contra o que julgo estar errado. Brigo por uma vida verdadeira e faço isso por acreditar que sempre podemos melhorar, sempre podemos nos superar, ou simplesmente, podemos perseguir uma vida mais plena, feliz e menos hipócrita.

Estou errada? Não acho. Errado é aquele que se acomoda. Aquele que corrompe sua própria vontade por conformismo. É perverso burlar nossas vontades de nós mesmos. Isso quem faz são apenas os covardes, os que se satisfazem com uma vida alicerçada na hipocrisia e no conformismo. Não, isso não é digno. Conformar-se com a ilicitude e com a mentira é o mesmo que acomodar-se na mediocridade.

Medíocres!, digo aos que se conformam. Dos que não vêem ou não querem ver que o bem estar seu e de sua família dependem do seu inconformismo! É, realmente estou de saco cheio. Estou mesmo de saco cheio dos medrosos, daqueles que se conformam com o discurso do “são todos iguais”, e usam isso para justificar sua inércia e sua própria mediocridade. Estou de saco cheio desses que aceitam a mentira por preguiça de mudar, por medo de lutar.

Como começar uma mudança? Só há uma forma: chutando o pau da barraca, e isso quer dizer revolucionar os conceitos e se inconformar.

Adriana Vandoni é economista, especialista em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas/RJ. Site: www.prosaepolitica.com





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