Mangueira é o maior entreposto de Beira-Mar, diz PF
As informações foram confirmadas nesta sexta-feira (23) pelo chefe da Divisão de Repressão aos Entorpecentes da Polícia Federal do Rio de Janeiro, delegado Victor César Carvalho dos Santos, que participou da Operação Fênix - referência à ave mitológica que renasce das cinzas e numa alusão a Beira-Mar, que mesmo preso na Penitenciária Federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, continua controlando o tráfico internacional de drogas e armas para o Rio.
“A topografia do Morro da Mangueira favorece aos traficantes, que têm um forte armamento bélico, com muitos fuzis. Um confronto ali é de proporção militar. Como existem várias comunidades sociais, com sérios riscos para os moradores e centenas de crianças circulando, o planejamento da polícia é bastante difícil. E esses criminosos se aproveitam dessas características do morro, certamente”, afirmou o delegado.
Admiração da família Beira-Mar pela Mangueira
Na operação, deflagrada quinta-feira (22), foram presas 11 pessoas, entre elas a mulher de Beira-Mar, Jaqueline Alcântara Morais que, de acordo com as investigações, teria assumido o lugar do advogado João José de Vasconcelos Kolling, então braço direito do traficante, desaparecido há seis meses. Casados em setembro deste ano, apesar de estarem juntos há 15 anos, ela é acusada de, orientada pelo marido, controlar as vendas de drogas, armas e munições.
A família Beira-Mar parece cultivar uma grande admiração pela Estação Primeira. A polícia recebeu informações de que no ensaio do último sábado (17), o filho mais velho de Fernandinho, Felipe Alexandre da Costa, de 21 anos, foi visto na quadra desfilando com amigos. Na casa de Jaqueline, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, onde ela foi presa, os policiais encontraram uma homenagem da escola de samba, que concedeu um título comemorativo à mulher do traficante pelo “enlace matrimonial”.
Aliança com facção paulista continua forte
De acordo com o delegado Victor, apesar de preso, Beira-Mar também mantém aliança com a facção paulista do crime organizado. “A relação entre a facção do Rio e a de São Paulo permanece ainda mais fortalecida. Ele se aliou ao grupo paulista porque sabe da importância de ter a seu favor essa articulação dentro do sistema carcerário”, explicou.
Os laços criminosos entre as facções paulista e fluminense já se estendem por longos anos. Levantamento da Coordenadoria de Inteligência da Polícia Civil do Rio, feito em julho de 2003, já estimava o poder dessa união ao revelar os lucros do comércio de maconha e cocaína nas dez principais localidades dominadas pelos dois grupos.
Segundo relatório encaminhado à CPI do Tráfico de Armas, naquele ano, as comunidades mais rentáveis já eram a Rocinha, o conjunto de favelas do Alemão e a Mangueira.
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