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Domingo - 19 de Maio de 2013 às 15:33
Por: HELSON FRANÇA

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Helson França
Edson de Miranda, 35 anos, vende amendoim torrado desde que era criança e hoje vive da atividade, com a qual cria os seu
Edson de Miranda, 35 anos, vende amendoim torrado desde que era criança e hoje vive da atividade, com a qual cria os seu
Ele mora em um aposento modesto, percorre a pé pelas ruas de Cuiabá quase 20 quilômetros todos os dias debaixo de um Sol que frita ovo na calçada, dorme em média quatro horas e ainda se desdobra para cuidar sozinho de dois filhos, João e Samuel. 

E é rei. 

O título não veio por acaso. Edson de Miranda, 35 anos, mais conhecido como “Rei do Amendoim”, há três décadas vende aquele que é considerado o melhor amendoim torrado das redondezas, quiçá, do Estado. Do Brasil, talvez. 

Conta Edson que não sabe ao certo quando ganhou o apelido, mas que o fato aconteceu há muito tempo. 

"As pessoas me viam e já falavam: "olha lá ele, o rei do amendoim!" Acabou pegando", lembra. 

Edson é figura quase onipresente nas ruas de Cuiabá. Com ele não tem tempo ruim. 

É fácil encontrá-lo pelos mais concorridos bares e restaurantes da cidade, como os localizados no Centro e na Praça Popular. Sem contar os botecos: do público universitário à galera mais alternativa, passando pelos mais toscos. De domingo a domingo. 

“Exceto quando chove ou faz muito frio”, explica. 

Atento, em tempos de recursos tecnológicos, Edson também acabou se rendendo a eles, para tentar atender melhor a demanda de clientes - que não é pouca. 

Além do telefone celular – presente de um cliente - ele também pode ser encontrado por meio do aplicativo watt"s up. 

"As pessoas me enviam mensagens para saber onde estou, para ver se tem como eu ir onde elas estão. Às vezes eu consigo, às vezes não, porque em muitos casos estou numa região totalmente oposta", diz. 

Da gente mais humilde às pessoas mais bem aprumadas, o Rei é bem recebido.

Muito bem relacionado, as amizades de Edson vão desde os mendigos e viciados que vivem nas ruas, aos políticos mais influentes do Estado. 

Não por acaso, foi contemplado em 2011 pela Assembleia Legislativa de Cuiabá, com uma menção honrosa. 

Conhecedor da cidade como poucos, por conta das suas andanças e pela variada lista de amigos e clientes, o Rei aponta para ele qual a maior dificuldade para o desenvolvimento de sua terra: a corrupção. 

“Os políticos roubam demais. Não fazem bom uso do dinheiro público. E olha que dinheiro há, né? Em Jales (interior de São Paulo), precisei ir para o pronto-socorro. Cheguei lá e fui atendido em duas horas. Aqui, sem exagero, chego a esperar mais de quatro horas para conseguir atendimento”. 

A rotina do Rei começa cedo. Ele desperta às 6 horas para cuidar dos afazeres e levar os dois filhos para a escola. Na volta, se dedica aos serviços domésticos. Depois do almoço, sai para vender seu produto, retornando para o lar somente por volta das 22 horas – quase todos os dias. 

Pensa que acabou? Após chegar em casa, o Rei começa já a preparar o amendoim a ser vendido no dia seguinte. Quando o sono chega, liga o rádio do celular para escutar música gospel, para se manter desperto. 

Um por um, os amendoins recém-torrados por Edson vão sendo enrolados numa folha de papel sulfite. Por noite, ele chega a preparar mais de cem. 

O gosto murcho, mal frito, sem sal não é encontrado no torradinho do Rei, garantem os clientes. 

A cada semana, a média de amendoins vendida por Edson é de 20 quilos. 

"É tudo feito com amor, carinho e atenção, para que o cliente não tenha nenhum tipo de prejuízo", relata. 

Quando o corpo de Edson já não mais consegue obedecer aos comandos do cérebro, se aproxima das 2 horas. 

Edson foi criado pelos avós. Como a renda era curta, se viu obrigado a ajudar nas despesas da casa, indo para a rua vender amendoim. 

"Infelizmente, não tive a oportunidade de estudar, porém, não tenho vergonha de trabalhar. Vergonha eu teria se não conseguisse dar uma boa educação para os meus filhos", afirma o pai orgulhoso. 

Edson conta que passou por momentos difíceis na sua trajetória, mas que sempre se manteve fiel de que superaria os obstáculos. Nesse sentido, a religião o ajudou. 

"Sempre pedi a Deus para que ele me ajudasse. Obviamente, ele me ajudou, mas eu tive que correr atrás", pontua, o evangélico Edson. 

Dessa forma, trabalhando muito e conquistando uma clientela, Edson vem conseguindo subir os degraus da vida. A casa em que mora foi adquirida por ele no ano 2000. 

"Com amor no coração e dedicação a gente vai seguindo", e assim ele vai. 

Quem quiser experimentar o amendoim do Rei - ou para quem já conhece, mas ainda não conhecia os mais novos meios tecnológicos adotados por ele para a venda -, anote aí. O celular é (65) 9976-8609 e no Facebook é só procurar pelo Rei do Amendoim. Ele trabalha até as 22 horas, mas como todo bom vendedor, a hora que você ligar o procurando, ele atende. 





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