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Economia
Sexta - 23 de Novembro de 2007 às 12:47

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Se depender do Brasil, a Argentina verá frustrada sua proposta de convencer os países do Mercosul a tributar suas exportações de commodities para assegurar suprimento interno e se beneficiar do aquecimento de preços no mercado mundial.

"Se a Argentina resolve adotar isso como política é questão interna dela. Mas não aconselho para o Brasil e muito menos acho aceitável um acordo no Mercosul para tributação de produtos agrícolas", disse à Folha ontem o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.

Segundo o ministro, a Argentina vive situação bem diferente da brasileira em relação aos grãos, por exemplo. "Além do câmbio ser totalmente favorável, o custo da energia é muito mais barato, eles têm problemas de infra-estrutura menores que nós, não tem que trazer a soja do Mato Grosso por 3.000 quilômetros de estrada provavelmente ruim."

Em entrevista na semana passada, o secretário de Comércio Exterior brasileiro, Welber Barral, já havia adiantado que a tendência do governo é desonerar exportadores, em vez de elevar alíquotas. "Há várias iniciativas do governo tentando desonerar as exportações. Nenhum país do mundo quer onerar as exportações, porque gera empregos."

A Argentina já taxa suas exportações de trigo, soja e milho para evitar que boa parte da produção vá para o exterior. A medida tem reflexo direto nos preços no Brasil, que produz só 40% do trigo que consome.

Ontem, o secretário de Comércio Internacional da Argentina, Alfredo Chiaradia, defendeu em entrevista ao "Valor" que o Mercosul tributasse as exportações de grãos, carnes e lácteos, dados os altos preços no mercado mundial.

A proposta argentina, segundo Chiaradia, será apresentada na reunião de cúpula do Mercosul prevista para 17 e 18 de dezembro em Montevidéu.

Segundo a CNA (Confederação Nacional da Agricultura), a tributação sobre as exportações levou a Argentina a perder mercado. Enquanto o país vizinho caiu da 3ª para 7ª posição no ranking de exportadores de carne, o Brasil assumiu a liderança. "É uma distorção do comércio agrícola internacional, uma prática em desuso, contraproducente e que prejudica os produtores. O Mercosul ficaria desacreditado se entrasse numa canoa furada dessas", disse Donizeti Beraldo, coordenador de Comércio Exterior da CNA.

"Sou visceralmente contra. Quem vai tirar vantagem é a Argentina, para o Brasil não é interessante", disse Roberto Segatto, presidente da Abracex (Associação Brasileira de Comércio Exterior).





Fonte: Folha Online

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