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Cidades/Geral
Domingo - 19 de Maio de 2013 às 13:56
Por: GUSTAVO NASCIMENTO

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Enquanto os conselhos de medicina condenam a proposta do governo federal de “importar” médicos estrangeiros para trabalhar no interior do país, prefeituras de Mato Grosso enxergam na ideia a possibilidade de por fim à crônica falta destes profissionais nos pontos mais remotos do Estado. 

Algumas cidades do interior – especialmente as mais distantes da Capital - chegam a oferecer salários de até R$ 40 mil para os médicos como forma de atraí-los e fixá-los. E, muitas vezes, não conseguem. 

O município de Novo Santo Antônio (1.063 km a nordeste de Cuiabá) tem, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 2 mil habitantes. Durante os três últimos meses de 2012 ficou sem um médico que pudesse atender seus moradores. 

De acordo com o prefeito Eduardo Penno, durante o período o município teve que realizar diversas remoções de emergência para a cidade vizinha, que fica a 350 quilômetros de distância, sendo 100 de estrada de chão. “As remoções são muito caras. Tivemos, inclusive, que fazer duas remoções aéreas, em um dos casos o paciente não resistiu e, infelizmente, morreu”. 

Para o prefeito, a contratação dos médicos estrangeiros é uma boa saída para o problema do interior, pois um verdadeiro monopólio se instaurou no local. “Os médicos só aceitam vir para cá se pagarmos 30, 40 e até 50 mil. O mercado aqui fechou tanto que eles apenas mudam de uma cidade vizinha para outra de ano para ano. Não vêm médicos novos. Talvez somente contratando médicos do exterior teremos uma saúde eficiente”. 

Vila Rica é o último município do nordeste de Mato Grosso. A cidade fica localizada a 1.259 quilômetros da Capital. Segundo a representante da Secretária de Saúde local, Fernanda Richard, o município ficou todo ano de 2012 sem médico. “Teve anos que chegamos a oferecer o mesmo valor compatível com as cidades vizinhas, mas para nós isso era inviável. Realizamos concursos e mesmo assim não temos a segurança de que os profissionais vão cumprir os acordos. Mesmo os concursados pedem demissão facilmente por aqui.” 

De acordo com uma pesquisa sobre demografia médica no país, divulgada em fevereiro pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), Mato Grosso é o quarto pior estado em número relativo de médicos no país. Segundo o estudo, há 0,46 médico para cada mil habitantes. Se observada somente a Capital, o número é de 2,66 médicos por mil habitantes. A pesquisa aponta que a Cuiabá concentra 51% dos médicos do Estado, mesmo tendo só 18% da população do estado. Dado que revela a carência de médicos no interior. 

O Conselho Federal de Medicina (CFM) entrou com uma representação na Procuradoria-Geral da República para impedir o governo de contratar médicos estrangeiros para trabalhar no Brasil. Na representação, a entidade cobra esclarecimentos dos ministros das Relações Exteriores, da Saúde e da Educação. 

De acordo com a presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso, Dalva Alves das Neves, a instituição segue a resolução do CFM e é contra a “importação” de médicos. 

Ela afirma que a principal preocupação do conselho é que a saúde continuará medíocre. “Os municípios até pagam altos salários, mas a medicina é mais que isso. Tem a infraestrutura, os equipamentos, o pessoal. Contratar médicos é só um pedaço da história”, diz a presidente. 

Segundo Dalva das Neves, não faltam médicos no país e sim incentivos e medidas para que eles saiam dos grandes centros. “As melhores saídas são investir em concursos e plano de carreiras. Só assim a saúde vai andar para frente por aqui”, conclui. 





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