Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Domingo - 18 de Novembro de 2007 às 12:07
Por: Joanice de Deus

    Imprimir


Os números impressionam. De janeiro a outubro deste ano, 37 pessoas morram na BR-163, nos 208 quilômetros entre Cuiabá e Diamantino. O acidente mais grave registrado em 2007, que resultou em oito mortes, ocorreu nesta mesma parte da rodovia federal que corta o Estado. Só no ano passado, outras 107 pessoas perderam a vida na estrada, também conhecida como “Rodovia da Morte”.

Na última terça-feira, a reportagem do Diário percorreu o trecho da 163 – sobreposto pela BR-364 - entre a Capital e Jangada (80 quilômetros de distância) para conferir como é a dinâmica desta via e porque ela mata tanto. O pedaço percorrido está em obras. São 68 quilômetros de melhoramento da pista, com estrutura de pavimento, alargamento e terceira faixa que estão sendo recuperados ou construídos pelo Departamento Nacional de Infra-Estrutura (Dnit).

Devido à restauração, o asfalto está em boas condições, exceto entre os quilômetros 454 e 466, onde ainda há buracos na pista. Paradoxalmente, no entanto, pista boa nem sempre é sinal de segurança. Levantamentos feitos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostram que apenas 2,7% dos acidentes são provocados por defeito na via.

“Trechos recuperados muitas vezes se tornam mais perigosos que os esburacados, porque motoristas se sentem inatingíveis, abusam da confiança, da velocidade e das ultrapassagens indevidas”, observa o patrulheiro Flávio Vasconcelos.

Durante o trajeto percorrido pelo Diário, por diversas vezes ocorreram ultrapassagens perigosas e em locais proibidos, como curvas, muitas no trecho. Além do tráfego intenso e motoristas imprudentes, outros problemas são bem visíveis: sinalização insuficiente, placas encobertas pelo mato, falta de acostamento, ou em má conservação, e pista estreita em determinados pontos.

Desde 1985, o caminhoneiro Pedro Honório Conceição, 48 anos, trafega pela BR-163. Além das deficiências na pista, ele reconhece que a maioria dos acidentes é provocada por imprudência dos motoristas, incluindo colegas de profissão. “É bastante fluxo de caminhões e muitos realmente não respeitam os limites de velocidade ou a sinalização”, diz. “O excesso de trabalho também é uma realidade”, acrescenta.

Em termos de infra-estrutura, ele acredita que o pior trecho fica em Sorriso. “De Cuiabá a Jangada melhorou 50%. Mas, em Sorriso, está muito complicado. Tem muito buraco. Se não arrumarem dentro de um mês, como está chovendo, é capaz de não ter mais rodagem”, comenta.

Por causa dos buracos, Pedro Honório teve que parar em uma borracharia, na entrada de Jangada. “Estourou o pneu e o pára-lama entortou. Toda viagem acontece um problema por causa dos buracos”, relata.

Morador de Jangada, o caminhoneiro Eliano Schistl acredita que se melhorassem o acostamento ou se a pista fosse duplicada, os sinistros seriam menos graves. “O local onde ocorreu o acidente envolvendo uma van e três caminhões é uma reta e o motorista tem visão, mas não tem acostamento. O acidente poderia ter sido menos grave se tivesse acostamento”.





Fonte: Diário de Cuiabá

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/197982/visualizar/