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Internacional
Sexta - 16 de Novembro de 2007 às 18:06

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DACA, Bangladesh - O ciclone Sidr, que trouxe muita destruição à costa de Bangladesh entre a noite de quinta-feira e a manhã desta sexta, 16, matou ao menos 1.100 pessoas e desalojou cerca de 650 mil, segundo uma agência de notícias local. O governo e outras agências de notícias internacionais, porém, estimavam que o número de mortos fosse entre 240 e 550.

A estimativa maior foi feita pela agência Notícias Unidas de Bangladesh com base nas contagens feitas pelos repórteres distribuídos em todos os distritos afetados. O governo, por sua vez, admitiu que enfrenta problemas na contagem de vítimas.

O centro de controles de desastres de Daca, capital do país, tenta reunir as informações, mas a queda da energia elétrica e das linhas telefônicas devido ao desastre natural dificulta isso. Dalil Uddin, funcionário do Ministério de Administração de Desastres, afirmou horas antes que a cifra oficial de mortos deveria estar aquém do número real.

Informação reiterada pelas Nações Unidas. "Devido à falta de eletricidade e às dificuldades nas comunicações em grande parte do país, as estimativas são muito preliminares e não se pode dizer que temos uma idéia de quanto será o saldo de mortos. Mas o que é certo é que ele cresce à medida que chega informação das zonas mais remotas", declarou o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, John Holmes.

O ciclone chegou com ventos de 240 quilômetros por hora e fortes chuvas, que destruíram casas, arrancaram árvores e interromperam os serviços de energia e comunicação. Vastas áreas da costa do país ficaram inundadas e vilarejos inteiros foram devastados. De acordo com Holmes, os piores estragos "foram causados pelas altas ondas e pela ressaca, que inundou três cidades do litoral, com população total de 700.000 pessoas".

Pelo menos 20.000 casas ficaram danificadas e até 30.000 famílias estão desabrigadas. Números da ONU indicam ainda que 150 barcos de pesca estão desaparecidos. Ao chegar a Daca, o ciclone perdeu força foi rebaixado para a categoria de tempestade pelos serviços de meteorologia.

A maioria das vítimas morreu após a queda de objetos e o desmoronamento de casas, segundo informou Nahid Sultana, funcionário do escritório de controle de ciclones em Daca. As chuvas e os ventos causaram alagamentos de 1,2 metros, segundo Sultana.

Os serviços de emergência tentavam levar ajuda às áreas devastadas pelo ciclone. Equipes do governo buscam levar alimentos e remédios, de acordo com Hasanul Amin, do programa de prevenção a ciclones de Bangladesh.

Nações Unidas

O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários afirmou nesta sexta que a organização separou "milhões de dólares" de seu fundo de emergências para responder às conseqüências da tempestade. "Foi um acontecimento grave, e ainda não sabemos qual vai ser o saldo de vítimas. Mas o mais provável é que a perda de vidas humanas, de casas e plantações será extremamente grave", avaliou Holmes.

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) deslocaram equipes para a área, com mantimentos para 400.000 pessoas.

Apesar do aumento no número de mortos, Holmes considerou que os preparativos nos dias anteriores permitiram salvar vidas, se comparado às centenas de milhares de mortos que este tipo de tempestade causou no passado.

Segundo a Cruz Vermelha, 3,2 milhões de pessoas foram removidas na quinta-feira em 15 distritos de Bangladesh, já na previsão da destruição do Sidr. Delas, só 620.000 puderam se abrigar em refúgios especiais, enquanto os demais simplesmente saíram de suas casas em direção a regiões mais altas. "Claro que o trabalho não é suficiente. Há centenas de mortos. Temos recursos limitados ", disse um porta-voz da organização, Devinder Tak.

A Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho têm várias equipes atuando no local para reduzir os efeitos do ciclone sobre a população, uma ajuda que acompanhará as 98 toneladas de comida destinadas às vítimas por parte do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas.

Bangladesh é um país costumeiramente atingido por ciclones e, segundo os cálculos dos meteorologistas, nos últimos 125 anos o litoral do país foi atingido por 80 grandes tempestades que mataram dois milhões de pessoas e desabrigaram dezenas de milhões. Cerca de 60 milhões dos 140 milhões de habitantes do país vivem a menos de dez metros acima do nível do mar, por isso uma cheia como a desta madrugada tem conseqüências catastróficas.

"Este foi um dos piores pesadelos deste tipo que vivi", disse um idoso da cidade de Patuakhali, inundada assim como as localidades de Bagerhat, Barisal e Barguna, esta última conhecida popularmente como "filha do mar".




Fonte: AP

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