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Internacional
Sexta - 16 de Novembro de 2007 às 16:02

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O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) concluiu nesta sexta-feira (16) seu relatório político sobre o estado do clima no planeta, alertando para impactos "irreversíveis" caso os governos não tomem medidas concretas contra o aquecimento global.

O documento final - que terá grande peso nas negociações sobre o clima que ocorrem daqui a um mês em Bali, na Indonésia - contém um trecho que foi questionado pelos Estados Unidos em negociações que se arrastaram diversas vezes até depois das 22h de quinta-feira.

Em inglês, a frase afirma que "as atividades humanas podem levar a impactos e mudanças climáticas abruptas e irreversíveis". Na quarta-feira, a delegação americana manifestava objeções e tentava retirar o trecho do relatório.

Os Estados Unidos, que não ratificaram o Protocolo de Kyoto e foram acusados de tentar minar as discussões sobre o clima na reunião do G8, na Alemanha, são apontados como partidários de "suavizar" também as conclusões do IPCC.

Quanto mais forte a linguagem utilizada pelo IPCC, mais pressão os governos sofrerão para adotar medidas urgentes contra a mudança climática. Na abertura da conferência do IPCC, na segunda-feira, o chefe da Agência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (UNFCCC, na sigla em inglês), Yvo de Boer, disse que não agir neste sentido seria "criminoso".

Por ser em última instância um órgão governamental (o IPCC é formado por cientistas reconhecidos, indicados por governos), o painel da ONU emite conclusões que os executivos não podem simplesmente ignorar depois.

Sobretudo depois que o IPCC recebeu o prêmio Nobel da Paz junto com o ex-vice-presidente americano Al Gore, hoje um ativista ambiental, a opinião pública e a atenção da mídia aumentaram a pressão para que os alertas contra o aquecimento global sejam levados a sério.

Em Valência, nenhum governo questionou a base científica de que a ação humana emite gases que causam o efeito estufa e são responsáveis pela maior parte do aquecimento global nos últimos 50 anos.

Além disso, novas pesquisas permitiram aos cientistas do IPCC afirmar que a temperatura da Terra pode subir entre 1,1ºC e 4ºC até 2100, com o derretimento das camadas polares fazendo os oceanos se elevarem entre 18cm e 58cm no período.

Ao falar dos impactos da mudança climática, o painel chancelou a hipótese de que uma elevação de 2ºC na temperatura da Terra colocará em risco de extinção um terço das espécies do mundo, modificando o meio ambiente planetário de maneira tal que 1 bilhão de pessoas estarão vulneráveis à fome, à sede e a doenças.

O IPCC apresenta a recomendação dos especialistas de estabilizar a emissão de gases que causam o efeito estufa até 2030, e reduzi-la até 2050. Neste contexto, o relatório destaca a importância de medidas como a adoção de energias limpas e de biocombustíveis, como o etanol brasileiro.

Em relação ao Brasil, os relatórios técnicos do IPCC chancelam o alerta de que a Amazônia corre risco de virar parcialmente uma savana se continuarem as atuais políticas públicas.

Mas a menção à maior floresta tropical do mundo foi retirada dos documentos políticos, porque havia poucas informações disponíveis sobre o impacto do aquecimento na região. Para seu relatório deste ano, o IPCC só considerou estudos até o fim de 2004.

No passado, cada relatório científico do IPCC ecoou na classe política para criar compromissos ambientais mundiais. O primeiro, publicado em 1990, levou à criação da Convenção da ONU contra a Mudança Climática, durante a Conferência da Terra, ou simplesmente Eco-92, realizada em 1992 no Rio de Janeiro.

A segunda avaliação do IPCC, de 1995, foi a base científica utilizada para a criação, dois anos depois, do Protocolo de Kyoto, que estabeleceu metas de redução de emissões de gás carbônico para os países industrializados. Entretanto, o documento não foi assinado pelos Estados Unidos, o país que exibe a maior taxa de emissões per capita.

Em 2001, o IPCC publicou um terceiro relatório em que destacava a influência da ação humana sobre o aquecimento global. A expectativa é de que a relutância política de governos nacionais em combater a mudança climática seja vencida pela comprovação dessa hipótese com um grau de certeza ainda maior neste novo relatório.





Fonte: EFE

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