Cruz Vermelha: Iraque tem 375 mil desaparecidos

Amã - A Cruz Vermelha Internacional informou hoje que centenas de milhares de pessoas desaparecidas no Iraque são uma das faces da forte crise humanitária que atinge o país devastado pela guerra. Segundo o relatório, 375 mil pessoas estão desaparecidas no Iraque por causa dos combates, da violência étnica, secretária e religiosa, ou então porque foram forçadas a deixar seus lares e seu paradeiro é desconhecido, afirma Karl Matley, chefe da seção iraquiana do Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

No relatório intitulado "Tragédia Humanitária no Iraque," publicado ao final da chefia de dois anos e meio de Matley à frente da seção iraquiana do Comitê, o funcionário diz que o número de pessoas atingidas pela guerra "reflete o tamanho do desastre humanitário." Matley disse à mídia na capital da Jordânia, onde o relatório foi apresentado, que o número de desaparecidos inclui dezenas de milhares de pessoas que foram detidas e estão sob custódia das forças americanas e multinacionais que invadiram o país em 2003, bem como das forças policiais do atual governo do Iraque.

Muitas famílias estão sem notícias de parentes que estão desaparecidos, não apenas durante e após a invasão americana de 2003, mas que também sumiram antes, em conflitos passados que datam da década de 1980, como na Guerra Irã-Iraque (1980-1988). "Cada família e cada mãe iraquianas têm o direito de saber e conhecer o destino dos seus filhos, maridos e outros entes queridos," disse Matley.

Atualmente, cerca de 60 mil pessoas estão detidas nas cadeias iraquianas. A Cruz vermelha obteve permissão para visitar "apenas uma pequena parte" dessas pessoas, de acordo com o relatório. "Os civis não escolheram esse estado de guerra e então não deveriam sofrer as conseqüências," disse Matley, que conclui com um apelo para que todas as partes envolvidas no conflito iraquiano respeitem as vidas dos civis e a Convenção de Genebra.