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Internacional
Quarta - 07 de Novembro de 2007 às 21:05

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RIO DE JANEIRO - Mães de vítimas de violência policial no Rio de Janeiro reuniram-se com um relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta quarta-feira, para contar a história dos filhos que foram mortos e buscar justiça para os crimes que denunciam.

Luciene Silva, 42 anos, mãe de Raphael Silva Couto, um dos 29 mortos na chacina ocorrida na Baixada Fluminense em 2005, disse que grupos de extermínio continuam agindo e matando jovens.

"O que mais me impressiona é que crimes como esse são cometidos por policiais, que deveriam dar segurança e não ameaçar a população", disse Luciene nesta quarta, em uma universidade no centro da cidade.

Raphael, lembrou ela, foi a primeira vítima do grupo integrado por policiais, morto com um tiro na cabeça em Nova Iguaçu.

O relator da ONU para execuções extrajudiciais, Philip Alston, não quis comentar as denúncias de violência policial e falhas do Judiciário no país. Ele vai apresentar um relatório ao governo após sua viagem de 11 dias.

"Meu objetivo é ouvir as alegações que estão sendo feitas por diferentes grupos relacionados a essas mortes", disse a jornalistas, acrescentando que além de casos de grande repercussão há outros que também vai analisar.

"O mais importante enquanto eu estiver aqui é ouvir os relatos de diferentes setores", afirmou ele, que já se reuniu com autoridades, promotores e representantes da sociedade civil.

Alston não é o primeiro relator especial da ONU a quem a mãe do jovem Hanry de Oliveira conta seu drama. Márcia de Oliveira Silva, 46, já se reuniu em 2003 com Asma Jahangir em sua visita ao Brasil.

Márcia ainda aguarda a condenação dos policiais acusados da morte do filho, ocorrida em 2002, no Morro do Gambá, zona norte do Rio. Ela disse que sofreu muito até conseguir o indiciamento de dois suspeitos.

"Se tivessem feito o inquérito como se fazem os da elite, já estariam condenados, mas por ser negro e da favela foi uma luta", disse Márcia, vestindo uma camiseta com a foto do filho estampada.

Segundo dados do Instituto de Segurança Pública do Rio, a polícia matou 961 suspeitos no Estado nos primeiros nove meses de 2007.

O relator da ONU já passou por São Paulo e depois do Rio vai a Recife e Brasília. Sua investigação também se concentra em execuções sumárias e mortes dentro do sistema prisional em São Paulo, além de violência no campo, contra povos indígenas e grupos de extermínio em Pernambuco.




Fonte: Reuters

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