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Agronegócios
Quarta - 07 de Novembro de 2007 às 09:49

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O preço do feijão carioca, alimento mais freqüente no prato do consumidor brasileiro, atingiu o maior patamar dos últimos 10 anos na atual entressafra, refletindo os efeitos do excesso de chuvas no início do ano, que reduziu a produção, e da migração do plantio para culturas mais remuneradoras, como soja, milho e cana-de-açúcar. Segundo cálculos da Correpar Corretora de Mercadorias, do Paraná, a referência de preço cotada ontem na Bolsinha de São Paulo era de R$ 170,00 a saca de 60 kg - o equivalente a R$ 2,83 o quilo. A cifra representa o dobro dos R$ 85,00 verificados em igual período do ano passado.

Segundo o diretor da corretora, Marcelo Eduardo Lüders, o produtor rural recebeu ontem 110% mais pela a saca de feijão. O preço pago ao agricultor saiu a R$ 160 no Paraná, um dos principais estados produtores de feijão do País. Para o analista da Safras & Mercado, Elcio Bento, o produtor de feijão deve estar em fase de comemoração diante dos preços elevados. "Quem tem feijão de boa qualidade está ganhando bem; o preço deve representar cerca de 50% o custo de produção" , disse Bento.

A alta dos preços, segundo Lüders, que é diretor da Correpar, é influenciada por uma conjunção de fatores: o excesso de chuva na primeira safra do ano reduziu a quantidade e a qualidade da produção, isso fez que os preços da commodity caíssem. Tal cenário desmotivou o plantio da segunda e terceira safras, provocando uma expressiva queda na oferta no mercado interno. Além disso, a recuperação dos preços dos grãos estimulou a migração do produtor para outras culturas, como soja, milho e cana-de-açúcar, que tiveram uma expressiva expansão.

O produtor de feijão de São Paulo negociava ontem o produto a R$ 150 e R$ 160 a saca de 60 kg, segundo o analista da Safras & Mercado, Bento. O valor é 128% maior que os R$ 70,00 negociados em igual etapa do ano anterior. Já em Minas Gerais, o preço oscilava entre R$ 135 a R$ 145 a saca, mais que o dobro dos R$ 62,5 verificados na mesma base de comparação, disse o analista.

Bento acrescenta que houve atraso do plantio de feijão da terceira safra, que começa em meados de outubro, por conta de falta de chuvas. Os estoques de feijão carioca são quase zerados, pois a qualidade do produto se perde muito rápido após a colheita. "Não tem como fazer estoques de feijão carioca, porque ele fica preto rápido", confirmou o diretor da corretora, Lüders. Por conta da falta de feijão novo no mercado, os especialistas informaram que ontem não havia negócios da commodity na Bolsinha de São Paulo.

A tendência é de que o preço do feijão continue em alta devido à baixa oferta. Consumo nacional de feijão é de 285 mil toneladas por mês, segundo o diretor da corretora, Lüders. Segundo ele, o mercado prevê uma queda de cerca de 30% na área da terceira safra de feijão - a maior do ano - cujo plantio está se iniciando, em relação aos 1,309 milhão de hectares cultivados no mesmo ciclo de 2006.

Exportações recordes:

O cenário do feijão demostra-se aquecido no mercado externo. O diretor da Correpar Corretora de Mercadorias, Lüders, informou que o Brasil exportou até o dia 10 do mês passado 25 mil toneladas do grão, principalmente do feijão rajado (bege com rajas vermelhas) cultivado no Paraná e em Minas Gerais. Trata-se de um resultado exportado recorde é representa quase cinco vezes mais que o exportado em todo o ano de 2006, quando foram embarcados 6,17 mil toneladas, conforme Lüders.

O produto exportado foi vendido a US$ 37 a saca de 60 quilos ou US$ 600 a tonelada. Os principais compradores do feijão brasileiro foram os continentes da África, Oriente Médio e Europa. Entretanto, Lüders avalia que no próximo o Brasil não conseguirá exportar o produto, pois terá que abastecer o mercado interno.





Fonte: Gazeta Mercantil

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