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Lançado manifesto contra 'política de extermínio' no Rio
RIO - Juízes, desembargadores, artistas e políticos lançaram nesta terça-feira, 6, manifesto contra o que classificam de "políticas de extermínio" adotadas pelo governo do Rio. O movimento é capitaneado pelo músico Marcelo Yuka, que ficou tetraplégico ao ser atingido por bala perdida. O documento foi assinado por 105 pessoas ou entidades e será entregue na quarta ao observador das Nações Unidas Philip Alston, relator para os crimes de execução sumária.
"Tem uma coisa construída no imaginário popular que justiça deve custar vidas. Viemos aqui dizer que esse pensamento não é hegemônico. Além das ações no Complexo do Alemão e na Favela da Coréia, começaram a surgir opiniões que beiram o fascismo, como a que associa o combate a violência ao aborto. A sociedade civil não concorda com esse pensamento", afirmou Yuka, pouco antes do lançamento oficial do manifesto, na Fundição Progresso, na Lapa, região central do Rio."
De acordo com Yuka, os laudos cadavéricos feitos por peritos do governo federal são "tão impressionantes", que motivou a ONU a mandar um observador ao Estado. O músico criticou ainda a Anistia Internacional e a comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, que não subscreveram o manifesto. "A Anistia chegou a alegar que não assinava porque o texto estava inadequado aos seus padrões. Acho que foi balela. Acho que há outros interesses políticos envolvidos", afirmou Yuka.
O juiz João Batista Damasceno, integrante da Associação Juízes para a Democracia, criticou "a supressão de direitos em nome da liberdade". "Há algo errado na política de eliminação de indesejáveis e a Coréia foi ponto culminante dessa política (referindo-se às imagens de dois homens perseguidos e mortos por policiais em helicóptero). A polícia que se deseja é a que prendeu o traficante de ecstasy na Barra da Tijuca: corre atrás do criminoso, entra no mar para persegui-lo, espera ele voltar com a arma abaixada. Mas se esse menino corresse daquele jeito na Baixada Fluminense ou na favela, ele hoje seria um ex-menino."
Assinaram o manifesto artistas como a atriz Letícia Sabatella, os músicos Jards Macalé, Gabriel, O Pensador, Beth Carvalho, Lobão, além de quatro desembargadores, cinco juízes, professores, sociólogos, jornalistas, advogados e políticos.
"Repudiamos e denunciamos a política de segurança pública fundada no confronto militar e, sem apreciarmos aqui eventual direito à interrupção de gravidez indesejada, entendemos que o aborto não pode ser tido como instrumento de política demográfica, de saneamento ou de eugenia", diz um trecho do documento, que será entregue hoje ao representante da ONU.
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, disse que as "pessoas têm o direito de se manifestar", mas refutou as acusações de fazer uma "política de extermínio", informou sua assessoria de imprensa, na noite desta terça. "Nossa política não é de extermínio. Vamos receber a ONU na quinta-feira, vamos ouvir o que o observador tem a dizer, mas vamos lembrá-lo também que a polícia faz inúmeras ações sem auto de resistência (morte em confronto), baseadas na inteligência. O que queremos é devolver a tranqüilidade há muito perdida pela população carioca."
"Tem uma coisa construída no imaginário popular que justiça deve custar vidas. Viemos aqui dizer que esse pensamento não é hegemônico. Além das ações no Complexo do Alemão e na Favela da Coréia, começaram a surgir opiniões que beiram o fascismo, como a que associa o combate a violência ao aborto. A sociedade civil não concorda com esse pensamento", afirmou Yuka, pouco antes do lançamento oficial do manifesto, na Fundição Progresso, na Lapa, região central do Rio."
De acordo com Yuka, os laudos cadavéricos feitos por peritos do governo federal são "tão impressionantes", que motivou a ONU a mandar um observador ao Estado. O músico criticou ainda a Anistia Internacional e a comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, que não subscreveram o manifesto. "A Anistia chegou a alegar que não assinava porque o texto estava inadequado aos seus padrões. Acho que foi balela. Acho que há outros interesses políticos envolvidos", afirmou Yuka.
O juiz João Batista Damasceno, integrante da Associação Juízes para a Democracia, criticou "a supressão de direitos em nome da liberdade". "Há algo errado na política de eliminação de indesejáveis e a Coréia foi ponto culminante dessa política (referindo-se às imagens de dois homens perseguidos e mortos por policiais em helicóptero). A polícia que se deseja é a que prendeu o traficante de ecstasy na Barra da Tijuca: corre atrás do criminoso, entra no mar para persegui-lo, espera ele voltar com a arma abaixada. Mas se esse menino corresse daquele jeito na Baixada Fluminense ou na favela, ele hoje seria um ex-menino."
Assinaram o manifesto artistas como a atriz Letícia Sabatella, os músicos Jards Macalé, Gabriel, O Pensador, Beth Carvalho, Lobão, além de quatro desembargadores, cinco juízes, professores, sociólogos, jornalistas, advogados e políticos.
"Repudiamos e denunciamos a política de segurança pública fundada no confronto militar e, sem apreciarmos aqui eventual direito à interrupção de gravidez indesejada, entendemos que o aborto não pode ser tido como instrumento de política demográfica, de saneamento ou de eugenia", diz um trecho do documento, que será entregue hoje ao representante da ONU.
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, disse que as "pessoas têm o direito de se manifestar", mas refutou as acusações de fazer uma "política de extermínio", informou sua assessoria de imprensa, na noite desta terça. "Nossa política não é de extermínio. Vamos receber a ONU na quinta-feira, vamos ouvir o que o observador tem a dizer, mas vamos lembrá-lo também que a polícia faz inúmeras ações sem auto de resistência (morte em confronto), baseadas na inteligência. O que queremos é devolver a tranqüilidade há muito perdida pela população carioca."
Fonte:
Estadão
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/199661/visualizar/
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