Aprosoja criará em Mato Grosso escola de liderança com nível internacional
Criar em Mato Grosso um programa com padrão mundial de qualidade para a formação de líderes na agricultura. Com esse objetivo, o presidente da Aprosoja, Glauber Silveira, o diretor executivo da associação, Marcelo Duarte Monteiro, e o professor João Martines, da Esalq/USP, reuniram-se no último dia 4, em Chicago (Estados Unidos), com a presidente da Illinois Agricultural Leadership Foundation (IALF), Joyce Watson e o Professor Peter Goldsmith, da Universidade de Illinois.
A entidade foi criada em 1981, para treinar os agentes mais promissores do setor agrícola norte-americano em temas e habilidades que normalmente não se aprendem nos bancos universitários, mas que são essenciais para o exercício da liderança, como comunicação e tomada de decisões, passando ainda por tópicos como desafios da economia global e relações com a mídia, entre outros.
Com base no modelo da entidade sediada em Illinois – segundo Estado que mais produz soja nos Estados Unidos –, a Aprosoja pretende implementar em Mato Grosso um programa para formar pessoas capazes de desenvolver e colocar em prática as políticas que ditam os rumos da agricultura.
Para o presidente da Aprosoja, Glauber Silveira, a criação da Academia de Liderança em Mato Grosso também é uma forma de tornar o campo mais atraente para as novas gerações e, assim, assegurar a continuidade do avanço quantitativo e qualitativo da agricultura mato-grossense e brasileira.
De acordo com Silveira, os produtores rurais brasileiros estão envelhecendo e a sucessão começa a se tornar um problema, cuja solução passa pela motivação dos jovens, para que eles tenham a mesma paixão de seus pais e avós pelo campo. “Hoje a cidade se mostra mais atraente, porque as carreiras urbanas exercem um maior fascínio sobre quem está em busca de uma profissão. Por isso, também queremos mostrar, com a Academia de Liderança, que ser um líder na agricultura é algo muito importante e gratificante.”
Patrocínio e resultados
Iniciativa original da W.K. Kellogg Foundation e de universidades de Illinois ligadas à agricultura, o programa de liderança da IALF já formou 350 pessoas, com o apoio financeiro de grandes empresas do agronegócio, que bancam cerca de 90% dos custos. A cada dois anos, 30 pessoas são selecionadas para o curso, que é ministrado em encontros esporádicos, em diferentes cidades de Illinois, além de proporcionar viagens nacionais e internacionais aos participantes. O custo do curso é de US$ 29 mil por aluno, mas cada participante paga apenas US$ 2,5 mil.
“Nossa missão é formar líderes para a agricultura. Quando dizemos que podemos educar pessoas para desenvolver políticas agrícolas e fazer lobby em prol das empresas do agronegócio, essas empresas se tornam receptivas e aceitam financiar o programa. Isso porque elas terão a possibilidade de ter alguém de fora defendendo os seus pontos de vista junto ao governo, por exemplo”, explica a presidente da IALF, Joyce Watson. “É muito interessante perceber o intercâmbio existente entre a iniciativa privada e o ensino e a extensão nos Estados Unidos, que ocorre em um nível muito acima do que se vê no Brasil”, observa o presidente Glauber Silveira.
Prestígio e responsabilidade
Apesar da contribuição financeira, as empresas patrocinadoras não têm cadeira cativa no curso. Elas podem indicar pessoas, mas elas também ficam sujeitas aos rigorosos critérios de seleção aplicados aos demais candidatos. Com idade entre 25 e 49 anos, eles não precisam, necessariamente, ter curso superior, mas têm que demonstrar inclinação para a liderança, além de potencial, comprometimento e responsabilidade em relação não apenas ao aprendizado, mas também à agricultura dos Estados Unidos.
A exigência em relação aos candidatos é tão grande que impede a IALF de fazer cursos anuais. “Se fizéssemos uma seleção por ano, e não a cada dois, não teríamos uma quantidade de pessoas suficientemente qualificadas para preencher as vagas”, explica a presidente da entidade.
“É um grande prestígio ser selecionado para o programa. Por saberem o quanto são privilegiadas por terem sido escolhidas, essas pessoas se dedicam muito ao curso. Tornam-se líderes e mantêm entre eles uma relação próxima. Essas pessoas, vindas de diferentes setores do agronegócio, formam de fato um networking, uma rede de contatos baseada na diversidade, o que é essencial para o exercício da liderança”, explica Joyce Watson.
A questão do networking, aliás, é um dos motivos, além do custo e da logística, que impede a IALF de fazer cursos para turmas muito grandes. “Com mais de 30 participantes, o contato entre as pessoas fica prejudicado”, diz Watson. “O programa não ensina agricultura, ela é apenas o denominador comum entre os participantes. O que ensinamos é liderança.”
Consultoria para o programa em MT
“Estamos aqui para pedir o apoio da IALF na implementação de um programa parecido em Mato Grosso. Não queremos reinventar a roda, e sim aproveitar experiências bem sucedidas como essa para criarmos uma Academia de Liderança em nosso Estado”, diz Marcelo Duarte Monteiro, diretor executivo da Aprosoja.
Por isso, a associação convidou Joyce Watson para visitar Mato Grosso e atuar como consultora para a elaboração do programa de liderança da Aprosoja. A viagem deve ocorrer no final de janeiro ou início de fevereiro de 2008, após nova visita de Monteiro a Illinois, para participar de um dos encontros da atual turma da IALF.
“Estou muito orgulhosa por vocês nos tomarem como modelo. O que vocês estão planejando é perfeitamente realizável, só é preciso adaptar o modelo para as suas necessidades específicas”, disse Watson ao aceitar o convite da Aprosoja.
Além da formação de líderes, a Aprosoja também pretende elaborar e ministrar cursos de formação geral para agentes do setor, voltados para turmas maiores, que podem ser um primeiro passo na seleção das pessoas que participarão dos cursos de nível mais avançado, e que serão encabeçados pelo programa de liderança.
“Fiquei muito feliz em saber o que a IALF faz aqui, pois isso é exatamente o que queremos fazer em Mato Grosso, é o nosso sonho. No futuro, podemos até criar um instituto internacional de liderança, para promover o intercâmbio entre os principais agentes da agricultura de diferentes países”, planeja o presidente da Aprosoja, Glauber Silveira.
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