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Crianças de até 2 anos aceitam robô como 'amiguinho'
SÃO PAULO - Um grupo de crianças de 18 meses a 2 anos de idade passou a tratar um robô como se fosse um outro coleguinha depois de 45 sessões de 50 minutos na companhia do equipamento, que recebia instruções de um operador humano para caminhar, dançar, sentar e rir. O experimento, realizado na Universidade da Califórnia em San Diego (EUA), é descrito nesta semana no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
O robô, chamado QRIO, tem cerca de 60 centímetros de altura e tomou parte nas atividades escolares das crianças durante cinco meses, de março a julho de 2005. Inicialmente, dizem os autores do artigo, as crianças mostraram-se interessadas nele, mas não pareciam dispostas a interagir com o aparelho, mesmo quando o operador, o pesquisador Fumihide Takada, mandava QRIO chamar a atenção de um dos pequenos - por exemplo, acenando para a criança. "No momento em que o robô acenava, a criança já tinha ido embora", diz o artigo.
A virada veio quando o robô foi programado com um reflexo: rir sempre que uma criança o tocasse na cabeça. "A contingência deixou claro para as crianças que o robô interagiria com elas", e marcou o início de episódios de interação por todo o estudo, diz o texto.
Para distinguir a interação das crianças com o robô da interação com um outro brinquedo qualquer, os pesquisadores introduziram na classe um ursinho de pelúcia e um robô inanimado semelhante a QRIO, apelidado de Robby. "Surpreendentemente, o ursinho foi ignorado", diz o estudo.
Quanto a Robby, os pesquisadores notaram que o modelo inanimado muitas vezes era alvo de comportamentos destrutivos ou violentos, enquanto que QRIO nunca sofreu nenhum tipo de mau-trato. Pelo contrário: desafiando instruções de adultos presentes, algumas crianças tentaram ajudar o robô a se levantar quando ele caiu, e uma criança chegou a cobri-lo com um cobertor quando ele se deitou para "dormir" - comportamento adotado pelo robô quando sua bateria ficava fraca.
Além disso, no início do estudo Robby era muito mais abraçado que QRIO, mas a taxa caiu progressivamente ao longo do experimento.
Outro indicador citado pelos cientistas como evidência de que QRIO passou a ser visto "como um colega, não um brinquedo" veio da análise do tipo de contato que as crianças passaram a manter com o robô no decorrer das sessões, tocando-o cada vez mais freqüentemente nas mãos e braços e cada vez menos na cabeça e no tronco.
São toques nas mãos e braços que crianças costumam trocar entre si, diferente do contato que mantêm com brinquedos e objetos inanimados - que são pegos e manipulados de forma mais ou menos indistinta, em qualquer ponto.
A qualidade da interação do QRIO sofreu uma queda marcada durante uma fase de 15 sessões, nas quais o robô foi programado para reagir de forma previsível a estímulos, dançando ou repetindo a mesma música várias vezes.
Os pesquisadores reconhecem que o fato de o robô receber instruções de um operador - "um byte a, aproximadamente, cada dois minutos" - pode ser o segredo do sucesso de QRIO, mas argumentam contra a idéia: "Análises dos sinais enviados pelo controlador humano revelam que eles fizeram pouco mais que aumentar a variabilidade dos movimentos do robô em períodos ociosos, orientá-lo rumo ao centro da sala e evitar colisões com objetos inanimados", diz o artigo. "Exceto pela falta de uma contingência baseada em toque, o robô estava praticamente pronto para autonomia total".
"Nossos resultados sugerem que a tecnologia atual de robôs está surpreendentemente perto de obter, de modo autônomo, a socialização e a formação de laços emocionais com crianças humanas por períodos longos de tempo", diz a conclusão do trabalho.
Os pesquisadores esperam que essa possibilidade venha a servir de apoio para professores a ajude a "enriquecer o ambiente da sala de aula".
O robô, chamado QRIO, tem cerca de 60 centímetros de altura e tomou parte nas atividades escolares das crianças durante cinco meses, de março a julho de 2005. Inicialmente, dizem os autores do artigo, as crianças mostraram-se interessadas nele, mas não pareciam dispostas a interagir com o aparelho, mesmo quando o operador, o pesquisador Fumihide Takada, mandava QRIO chamar a atenção de um dos pequenos - por exemplo, acenando para a criança. "No momento em que o robô acenava, a criança já tinha ido embora", diz o artigo.
A virada veio quando o robô foi programado com um reflexo: rir sempre que uma criança o tocasse na cabeça. "A contingência deixou claro para as crianças que o robô interagiria com elas", e marcou o início de episódios de interação por todo o estudo, diz o texto.
Para distinguir a interação das crianças com o robô da interação com um outro brinquedo qualquer, os pesquisadores introduziram na classe um ursinho de pelúcia e um robô inanimado semelhante a QRIO, apelidado de Robby. "Surpreendentemente, o ursinho foi ignorado", diz o estudo.
Quanto a Robby, os pesquisadores notaram que o modelo inanimado muitas vezes era alvo de comportamentos destrutivos ou violentos, enquanto que QRIO nunca sofreu nenhum tipo de mau-trato. Pelo contrário: desafiando instruções de adultos presentes, algumas crianças tentaram ajudar o robô a se levantar quando ele caiu, e uma criança chegou a cobri-lo com um cobertor quando ele se deitou para "dormir" - comportamento adotado pelo robô quando sua bateria ficava fraca.
Além disso, no início do estudo Robby era muito mais abraçado que QRIO, mas a taxa caiu progressivamente ao longo do experimento.
Outro indicador citado pelos cientistas como evidência de que QRIO passou a ser visto "como um colega, não um brinquedo" veio da análise do tipo de contato que as crianças passaram a manter com o robô no decorrer das sessões, tocando-o cada vez mais freqüentemente nas mãos e braços e cada vez menos na cabeça e no tronco.
São toques nas mãos e braços que crianças costumam trocar entre si, diferente do contato que mantêm com brinquedos e objetos inanimados - que são pegos e manipulados de forma mais ou menos indistinta, em qualquer ponto.
A qualidade da interação do QRIO sofreu uma queda marcada durante uma fase de 15 sessões, nas quais o robô foi programado para reagir de forma previsível a estímulos, dançando ou repetindo a mesma música várias vezes.
Os pesquisadores reconhecem que o fato de o robô receber instruções de um operador - "um byte a, aproximadamente, cada dois minutos" - pode ser o segredo do sucesso de QRIO, mas argumentam contra a idéia: "Análises dos sinais enviados pelo controlador humano revelam que eles fizeram pouco mais que aumentar a variabilidade dos movimentos do robô em períodos ociosos, orientá-lo rumo ao centro da sala e evitar colisões com objetos inanimados", diz o artigo. "Exceto pela falta de uma contingência baseada em toque, o robô estava praticamente pronto para autonomia total".
"Nossos resultados sugerem que a tecnologia atual de robôs está surpreendentemente perto de obter, de modo autônomo, a socialização e a formação de laços emocionais com crianças humanas por períodos longos de tempo", diz a conclusão do trabalho.
Os pesquisadores esperam que essa possibilidade venha a servir de apoio para professores a ajude a "enriquecer o ambiente da sala de aula".
Fonte:
Estadão
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/199871/visualizar/
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