Cérebro reduz visão para 'ouvir melhor', diz estudo
Um estudo envolvendo 20 maestros e 20 pessoas sem formação musical específica revelou que ambos os grupos direcionam atividade do cérebro para fora das áreas associadas à visão durante tarefas auditivas.
Exames de ressonância magnética mostraram queda de atividade nessas áreas e aumento em outras.
Durante uma conferência da Society for Neuroscience, os pesquisadores afirmaram que as alterações foram menos intensas nos maestros do que nos leigos durante tarefas auditivas mais complexas.
Os estudiosos realizaram exames de ressonância magnética, que medem alterações em tempo real na atividade cerebral a partir de mudanças na circulação do sangue em áreas diferentes do cérebro.
Pesquisas anteriores identificaram as partes do cérebro envolvidas na visão e na audição.
Os participantes estudados na pesquisa tinham idades entre 28 e 40 anos.
Durante os exames, eles ouviram duas notas musicais separadas por um intervalo de alguns milionésimos de segundo e tiveram de identificar qual delas havia sido tocada primeiro.
O teste para os maestros foi dificultado para compensar as diferenças de formação profissional.
Como esperado, os cientistas verificaram que a atividade aumentou nas partes do cérebro associadas à audição e caiu nas áreas responsáveis pela visão.
À medida que a tarefa ficava mais e mais difícil, os voluntários sem formação musical desviavam mais e mais atividade para longe das regiões visuais do cérebro e concentravam a ação nas regiões auditivas.
No caso dos maestros, no entanto, a transferência de atividade entre as diferentes regiões do cérebro cessou após um certo ponto, indicando que anos de treinamento profissional podem ter alterado a forma como seus cérebros estão organizados.
"É como fechar os olhos para ouvir música", disse o cientista responsável pelo estudo, Jonathan Burdette. "Imagine a diferença entre ouvir alguém falar em uma sala silenciosa e aquela mesma discussão em uma sala barulhenta: você não vê muito do que está acontecendo na sala barulhenta."
Outro pesquisador, David Hairston, disse que o estudo mostra quão flexível pode ser esse mecanismo. "Como ele funciona pode variar com treinamento especializado e experiência", disse. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Comentários