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Internacional
Domingo - 04 de Novembro de 2007 às 10:50

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Lahore (Paquistão), 4 nov (EFE).- Após declarar no sábado o Estado de exceção no Paquistão, o Governo do presidente paquistanês, Pervez Musharraf, iniciou hoje uma onda de detenções de dezenas de líderes políticos, ativistas e vários ex-altos funcionários oficiais.

Cerca de dez ativistas da opositora Liga Muçulmana do Paquistão foram detidos na madrugada de hoje na cidade de Multan (leste) pelas forças de segurança, entre eles o presidente interino da legenda, Javed Hashmi.

Pouco antes de sua detenção, Hashmi tinha denunciado a um grupo de jornalistas que Musharraf tinha se apoderado do Poder Judiciário "para salvar seu próprio poder ilegítimo".

A Liga Muçulmana do Paquistão é comandada do exílio pelo ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif, que no sábado disse em Dubai que o Estado de exceção é "inconstitucional".

As detenções também atingiram outros partidos, entre eles a formação opositora Teehrik-e-Insaf - cujo líder, Imran Khan, foi um dos primeiros a anunciar à imprensa ontem que estava em prisão domiciliar -, e representantes judiciais, como o presidente da Associação de Magistrados do Supremo.

Na lista de detidos também está Hamid Gül, ex-chefe dos serviços secretos paquistaneses durante o primeiro Governo de Benazir Bhutto (1988-1990), e conhecido pelas polêmicas declarações extremistas e suas duras críticas à política dos Estados Unidos.

Segundo o site da emissora "Geo TV", Gül foi detido hoje durante um ato público no qual denunciou que o atual Estado não é o de exceção, como afirma o presidente paquistanês, Pervez Musharraf, mas de "lei marcial".

"Um homem hipotecou o país para salvar seu mandato", criticou Gül, citado pela "Geo TV", antes de levado à força em uma viatura policial.

As detenções políticas aconteceram em várias cidades do país, entre elas Islamabad, Karachi, Peshawar, Quetta e Lahore. Nesta última, segundo a imprensa, teriam sido detidos cerca de 30 ativistas.

Além das batidas, a Polícia invadiu hoje os escritórios da rede de televisão privada "AAJ" em Islamabad para confiscar seu equipamento, disse uma fonte do canal, enquanto jornalistas da também privada "Geo TV" denunciavam o bloqueio de suas linhas telefônicas.

A transmissão dos canais privados de notícias do Paquistão está interrompida desde sábado, o que tornou os sites das emissoras e os jornais nas únicas fontes independentes de informação no país.

Apesar das medidas, as principais cidades do Paquistão apresentavam hoje um aspecto de relativa normalidade, com o comércio aberto e os transportes funcionando.

Em Islamabad, no entanto, era possível ver uma forte presença policial em vários pontos-chave da cidade, como as imediações do Parlamento e da sede do Tribunal Supremo, cujo acesso foi bloqueado na noite de sábado.

A declaração do Estado de exceção foi duramente criticada hoje pela imprensa, que a qualificou de "violenta" e de um "segundo golpe" de Musharraf - após o de 1999, que o levou ao poder -, assim como pelos diferentes partidos da oposição.

A aliança islamita de oposição Muttahida Majlis-e-Amal (MMA) definiu a ordem de Musharraf como uma "afronta à democracia", apesar de ter alertado a população para manter a calma enquanto a situação está sendo analisada.

A ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, que no sábado voltou às pressas de Dubai para Karachi após saber do Estado de exceção, também criticou a decisão de Musharraf e a considerou na prática uma "minilei marcial".

O vice-ministro da Informação paquistanês, Tariq Azeem, confirmou hoje que o calendário das eleições legislativas programadas a princípio para janeiro está em suspenso.

Musharraf declarou o Estado de exceção alegando o aumento da violência extremista e a "interferência" do Poder Judiciário na política do Governo, mas a oposição acredita que ele tenha feito para evitar um veredicto do Supremo que poderia invalidar sua recente reeleição como presidente.




Fonte: EFE

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