Coritiba pode assegurar hoje acesso à primeira divisão
Sempre tentar tirar uma lição das adversidades. Até quando os jogadores são hostilizados e agredidos pelos torcedores. Essa é, segundo os dirigentes do Coritiba, a receita que tem impulsionado o time do Paraná de volta à Série A.
Hoje, se bater o Vitória em casa, o líder da segunda divisão retorna à elite do Nacional.
O roteiro parecia traçado em 2006, quando o time encerrou o primeiro turno na liderança.
Mas fraquejou no início do returno. Passou oito jogos sem vencer, o que enfureceu a torcida. No desembarque na capital paranaense depois de uma derrota ante o Ceará, os jogadores foram cobrados --inclusive fisicamente-- pelos torcedores.
"Os mesmos torcedores envolvidos naquele episódio foram os que estiveram no aeroporto nesta semana, para aplaudir o elenco. Hoje, a relação com a torcida é a melhor possível", conta o coordenador de futebol do Coritiba, João Carlos Vialle. Para ele, o entrevero de 2006 teve efeito pedagógico. "A cobrança da torcida sobre alguns surtiu efeito."
A avaliação dentro do clube é que, na época, o time estava sem comando. Que os resultados negativos se repetiam sem uma reação do elenco. E que alguns jogadores acabaram perdendo o foco, tratando inclusive de questões da política interna do Coritiba.
"No ano passado, ficamos oito partidas sem vencer, sempre com o mesmo treinador [Paulo Bonamigo]. Quando acordamos era tarde, e, mesmo recuperando a performance depois, o time ficou a dois pontos de subir. Neste ano, trocamos o técnico logo no início, quando os resultados não aconteceram", compara o dirigente, contratado em dezembro com a incumbência também de intensificar a cobrança sobre os jogadores.
Ele diz também que o fato de terem antecipado a formação do elenco de 2007 pesou. "Contribuiu com a união no grupo, montado antes do campeonato e não reforçado ao longo da competição, como em 2006."
Outra mudança para a atual temporada foi extracampo: o silêncio dos principais cartolas. "Não vou falar enquanto o clube não garantir a classificação. É a postura da diretoria desde o começo. No ano passado, davam o clube como classificado. E acabou acontecendo um desastre." Foi a única declaração que a reportagem arrancou de Giovani Gionedis, presidente do Coritiba.
Vialle explica que o pacto de silêncio foi um dos trunfos. "Foi um dos pedidos que eu fiz. No ano passado, teve até jogador envolvido em brigas políticas. Agora, a realidade é outra."
Tanto é outra que o time, inclusive, já vislumbra novas ambições. Com a promoção à elite praticamente assegurada, o título da Série B é a nova meta do time, líder em 11 das 33 rodadas. Depois, os planos são ainda mais grandiosos. "O clube finalmente conseguiu sua estabilidade financeira. Entraremos em 2008 com 100% de certeza de que teremos dívida zero", aponta Vialle, que planeja:
"Em 2008, queremos solidificar a permanência na elite e, em 2009, ano de nosso centenário, vamos para o título".
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