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Terça - 30 de Outubro de 2007 às 23:36

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SÃO PAULO - Se há um treinador no futebol brasileiro plenamente confiante no seu trabalho, ele atende pelo nome de Muricy Ramalho. Muito perto de se sagrar bicampeão nacional, o técnico do São Paulo confirmou, em 2007, a capacidade de superar os críticos e a de atingir seus objetivos.

Questionado em vários momentos ao longo do ano, Muricy teve apoio da diretoria são-paulina e, como gosta de dizer, mostrou que estava preparado para a função. “Sei muito bem o que é dirigir um time grande no Brasil”, afirma o treinador, de 52 anos. “Quando uma equipe perde, ninguém vê quando se mudam ou perdem jogadores, só querem que o treinador caia”, dispara. “Isso é pior num campeonato longo como o Brasileiro, a pressão é muito grande, pois se está na mira de todos, a todo instante”, diz Muricy.

O momento crítico ocorreu quando o time foi eliminado, quase ao mesmo tempo, nas oitavas-de-final Copa Libertadores, diante do Grêmio, e nas semifinais do Campeonato Paulista, pelo São Caetano. “Todos os times oscilam, sofrem pressão, e é nesses momentos que o treinador tem de mostrar sua capacidade”, disse Muricy Ramalho, que apesar de não ser unanimidade entre os dirigentes são-paulinos, tem apoio incondicional do presidente Juvenal Juvêncio. “Eu e ele temos uma característica em comum: não nos impressionamos com nada nem nas grandes conquistas nem nas derrotas”, comenta.

O início do Campeonato Brasileiro também não foi dos melhores, e o time demorou algumas rodadas para deslanchar. Mas nem por isso, a comissão técnica se abalou. Trabalhou para descobrir jogadores que substituíssem alguns titulares consagrados no ano passado, como Fabão, Mineiro e Josué e colheu os frutos a partir da 17ª. rodada, quando ganhou uma das finais “antecipadas”, contra o Grêmio, por 2 a 0, no Olímpico, e assumiu a ponta, para não mais deixá-la.

Mesmo durante o Brasileiro, houve momentos em que o trabalho de Muricy foi questionado, como na série de três jogos sem ganhar, que culminaram com a derrota para o problemático Corinthians, por 1 a 0. Num clube sem estrutura, a demissão do treinador seria a conseqüência natural. “A diferença do São Paulo para os outros clubes é que aqui há um planejamento e ninguém muda tudo em razão de um resultado negativo”, aponta Muricy.

O treinador não gosta de fazer comparações, mas entende que o time atual do São Paulo tem pouco a ver com a equipe que levantou a taça em 2006. “Nome por nome, aquela equipe era melhor, muito mais experiente e dependia mais dos valores individuais”, resume Murici. “Este time é muito jovem. Nossa defesa tem média de 20 anos, o Hernanes também é muito novo (22 anos)”, comenta. “E o principal é que aquele elenco ganhou tudo o que disputou. Este ainda precisa ganhar”, resume o treinador.

Prestes a se tornar um dos únicos bicampeões nacionais, Muricy Ramalho considera que está no melhor momento da carreira. “Passei muito perto do título em 2005, com o Internacional. Tínhamos uma equipe jovem e reformulada e ainda sofremos com aquele problema da arbitragem”, lembra. “Estou perto de repetir o feito do ano passado, e parece fácil, mas foi duríssimo”, garante. “Meu sentimento, nesta hora, é o melhor possível.”

Além das conquistas com o São Paulo, Muricy tem diversos campeonatos estaduais no currículo - o mais importante deles, o Paulista, pelo São Caetano, em 2003. O que lhe falta, então, para assumir a seleção brasileira? Quando questionado, o treinador tem a resposta pronta.

“Claro que penso nisso, pois dirigir a seleção brasileira é objetivo de todos os técnicos, pois você tem à disposição os melhores jogadores do mundo”, comenta. “Para mim, o Vanderlei Luxemburgo é o melhor do Brasil e está na minha frente”, afirma Muricy. “Na minha carreira, sempre que fui chamado para um novo desafio, estava pronto. E estou me preparando para isso”, diz.





Fonte: Estadão

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