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Internacional
Domingo - 28 de Outubro de 2007 às 16:57

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Gaza, 28 out (EFE).- Israel começou hoje a reduzir seu fornecimento de combustível à Faixa de Gaza em represália ao lançamento de foguetes artesanais contra seu território a partir da região palestina, onde residem um milhão e meio de pessoas.

O corte foi confirmado pelo chefe do Departamento de Petróleo e Gasolina da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mujahed Salameh, e também por funcionários da União Européia (UE) e da empresa israelense Dor Alon, responsável pelo abastecimento de combustível em Gaza.

As autoridades israelenses, no entanto, dizem não ter começado a interrupção, prevista por uma medida aprovada esta semana pelo Governo do primeiro-ministro do Estado judeu, Ehud Olmert, como parte de um pacote de sanções contra um território declarado oficialmente por Israel como "inimigo".

"Acusamos uma redução de quase 40% no fornecimento de diesel e de benzina e de quase 12% no de combustível para produção de energia elétrica", assegurou Salameh.

O palestino explicou que seu departamento pediu à Dor Alon que enviasse "as quantidades diárias normais" de combustível, mas "foi informado de que a empresa não podia fazê-lo por causa da decisão do Governo israelense".

Fontes da UE que supervisionam a entrega de combustível para a única usina geradora de eletricidade em Gaza disseram à Agência Efe que a redução da provisão à central não foi da ordem de 12%, e sim de 24%.

"Nós preparamos, como a cada dia, a entrega à Dor Alon de 360 mil litros de combustível para a usina de Gaza, mas o bombeamento foi interrompido aos 273 mil litros - segundo apurou a Efe - por causa da decisão do Governo israelense", disseram as fontes sob condição de anonimato.

Em declarações reproduzidas pela imprensa local, o vice-diretor da Autoridade de Petróleo de Gaza, Ahmed Ali, cifrou em 30% a redução do fluxo israelense de diesel e gasolina.

Gaza depende quase que totalmente do combustível israelense, motivo pelo qual este corte pode prejudicar seriamente sua já maltratada economia e, em conseqüência, sua população, com 80% dos cidadãos dependentes de ajuda humanitária.

Cerca de 30 mil fábricas de Gaza se viram obrigadas a baixar suas portas desde que Israel fechou quase todas suas fronteiras com a Faixa durante os combates entre os grupos palestinos Hamas e Fatah, em junho último.

No entanto, a região parece mais bem preparada para uma redução no fornecimento de energia elétrica vinda de Israel, que representa 58% do consumo total da área.

O resto é produzido por uma usina própria (33%), que foi bombardeada por Israel em junho de 2006 e que agora funciona com financiamento europeu, e pelo Egito, que fornece 9%.

Também contribui para uma menor dependência o fato de que empresas e habitantes da Faixa têm usado pequenos geradores para suportar os cortes de luz sofridos diariamente.

Alguns bairros de Gaza ficam às escuras por até 18 horas por dia.

Em agosto, a Faixa ficou sete dias sem luz, quando a UE interrompeu sua provisão de combustível à central elétrica de Gaza diante da suspeita de que o Governo do Hamas queria taxar a energia.

Em encontro na última sexta-feira, Olmert prometeu ao presidente palestino, Mahmoud Abbas, que a interrupção do fornecimento ocorreria de modo a não provocar uma "crise humanitária" em Gaza, garantindo energia em hospitais, por exemplo.

As Nações Unidas e grupos israelenses e palestinos alertaram para as conseqüências de tais medidas para a Faixa.

Diversas ONGs acusam Israel de não ter interesse pela vida dos habitantes de Gaza apesar de, segundo o Direito internacional, continuar ocupando esse território e, portanto, ser responsável por sua população.

Embora tenha retirado seus colonos e soldados em 2005, Israel controla os espaços aéreo, terrestre e marítimo de Gaza, áreas onde seu Exército entra quase que diariamente.




Fonte: EFE

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