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Funcionárias relataram conduta violenta do estudante antes de morrer. Natural da Guiné Bissau, Toni Bernardo foi morto em 2011 em restaurante.
Africano estava violento antes de ser morto em Cuiabá, dizem testemunhas
A Justiça colheu na tarde desta quarta-feira (15) os depoimentos de duas testemunhas arroladas pela defesa dos três homens acusados de agredir até a morte o universitário Toni Bernardo da Silva, de 27 anos, em 2011 em um restaurante de Cuiabá. As garçonetes Jocenilde Paiva Santiago e Graciele Aparecida reportaram um comportamento violento do estudante, que teria adentrado o estabelecimento no Bairro Boa Esperança na noite de 22 de setembro para pedir dinheiro de forma agressiva aos clientes, e sustentaram a tese da defesa de que ele morreu em decorrência de ação policial legítima por parte de dois dos réus na tentativa de contê-lo.
Em audiência na 8ª Vara Criminal de Cuiabá, Jocenilde relatou que viu o momento em que Toni entrou no estabelecimento. O estudante se mostrava assustado e não conseguia fixar o olhar, relatou. Ele pediu dinheiro a clientes sentados a uma das mesas da pizzaria, o que foi negado. Em seguida, partiu para o lado da mesa onde estavam sentados o instrutor de auto-escola Sérgio Marcelo Silva e sua esposa.
Jocenilde contou que viu Toni sentando-se ao lado da moça e agarrando-a pelo pescoço após ela ter lhe recusado dinheiro, fato que motivou a imobilização do universitário por parte de Sérgio e dos policiais militares Higor Marcell Montenegro e Wesley Fagundes Pereira, os quais também estavam no estabelecimento, acompanhados de suas esposas.
Já Graciele acrescentou que Toni costumava aparecer durante o funcionamento da pizzaria para pedir dinheiro aos clientes. “Tinha hora que ele era muito ignorante”, comentou a garçonete, que estava fechando a conta de uma mesa quando os fatos se desenrolaram. “Ele era ignorante com as pessoas. Não aceitava negativa”, completou, após ser questionada pela promotoria.
Os depoimentos das duas funcionárias não revelaram qualquer detalhe novo sobre os fatos que levaram à morte do estudante africano. Assim como Jocenilde, Graciele não presenciou as agressões finais que o universitário sofreu após ser imobilizado e antes de morrer por “asfixia mecânica” provocada por golpe de algum objeto contundente, como registrou laudo do Instituto Médico Legal (IML).
À época atuando como diretor metropolitano de medicina legal, o médico Jorge Caramuru chegou a prestar depoimento antes das garçonetes. Arrolado como testemunha de defesa, ele apenas confirmou as informações do laudo de necropsia, pois não foi o perito responsável por examinar o corpo de Toni, que era natural da Guiné Bissau. Caramuru esclareceu que não está na alçada do laudo pericial precisar o objeto ou determinar se o golpe responsável pela asfixia da vítima foi cometido por excesso de violência.
Para o advogado dos policiais militares, Ardonil Manoel Gonzales Júnior, a Justiça tende a absolvê-los da acusação de lesão corporal seguida de morte porque ambos apenas cumpriram o dever da função – de assegurar a integridade da população durante uma situação de crime. Toni, no caso, estaria tentando cometer um roubo ao insistir no pedido de dinheiro à esposa de Sérgio e agredi-la por isso.
“O Toni praticava um roubo e os policiais, por uma obrigação legal, interferiram. Eles imobilizaram uma pessoa que estava na prática de um crime”, resumiu o advogado, que ainda deve arrolar duas outras testemunhas para depor. Ele conta com o fato de que o laudo pericial não foi suficiente para apontar qual objeto causou a lesão fatal no estudante; logo, não haveria como imputá-la a seus clientes nem determinar que tratou-se de um excesso.
“O Toni praticava um roubo e os policiais, por uma obrigação legal, interferiram. Eles imobilizaram uma pessoa que estava na prática de um crime”, resumiu o advogado, que ainda deve arrolar duas outras testemunhas para depor. Ele conta com o fato de que o laudo pericial não foi suficiente para apontar qual objeto causou a lesão fatal no estudante; logo, não haveria como imputá-la a seus clientes nem determinar que tratou-se de um excesso.
Amigo de Toni, com quem dividiu casa por cerca de quatro anos, Anilton Andrade Ferreira apontou que os depoimentos das garçonetes foram mancomunados. “Elas já foram depor combinadas, instruídas pelos advogados, falaram de acordo com o que os advogados queriam. Só espero que venha a haver justiça”, declarou, afirmando ainda que esperava uma atuação mais contundente por parte da promotoria ao inquirir as testemunhas. Já o advogado Namir Luiz Brenner, da defesa de Sérgio, não quis falar com a reportagem do G1.
Fonte:
Do G1 MT
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/20115/visualizar/
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