Cultivo do trigo ganha adeptos no Médio-Norte
De acordo com o responsável pelo experimento, Hortêncio Paro, engenheiro agrônomo da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), a produção de trigo em Sorriso (460 quilômetros ao médio norte de Cuiabá) pode ser considerada um fato histórico. “Estamos implantando a cultura do trigo, que nem em sonho se imaginaria ser possível, aqui em Sorriso”, declarou o extensionista rural que trabalha com pesquisas há mais de 36 anos, demonstrando a qualidade do trigo plantando na fazenda Possamai, de propriedade do agricultor e vereador Gilberto Possamai.
“Este experimento demonstra a importância do desenvolvimento de pesquisa que o Brasil fez nestes últimos anos”, ressaltou Paro, apontando que o trigo do cerrado, plantado de forma irrigada, pode produzir com qualidade igual ou superior ao trigo argentino. “Este trigo, plantado em Sorriso, na região do cerrado, é comparado ao melhor trigo produzido na Argentina”, completa o engenheiro agrônomo.
Embora o experimento com trigo tenha apresentado ótimos resultados para que a cultura seja implantada no município, bem como em toda a região do cerrado, o engenheiro agrônomo Hortêncio Paro prefere não arriscar na previsão de que o trigo pode ser uma nova cultura, mas garante que se trata de uma nova possibilidade à região. “Saberemos com mais segurança sobre a produção de trigo nesta região dentro de alguns anos, pois este é o primeiro ano em que realizamos este experimento”, avalia Paro, explicando que, até o momento, a produtividade e a qualidade alcançadas no trigo plantado na fazenda Possamai demonstram que a cultura é realmente promissora. “Pelo que se apresentou este ano e se o clima continuar o mesmo, tendo sequeiro de maio a setembro, a produtividade e a qualidade do trigo deverão ser as mesmas apresentadas neste experimento”, completou o engenheiro agrônomo.
Ele destacou ainda que o trigo produzido em Sorriso apresenta oito (8) espiguetas, duas acima do que já é considerado um trigo de qualidade, e que a produtividade alcançada na região do cerrado pode ultrapassar as 60 sacas por hectare.
Por se tratar de uma cultura secundária, Hortêncio Paro frisa que o manejo do trigo deve ser feito de maio até, no máximo, o dia 10 de junho, para evitar que a cultura seja submetida ao período chuvoso. “A colheita do trigo não pode acontecer em regime de chuva”, completa Paro, lembrando que a esta etapa da produção deve acontecer até 15 de setembro. “Até este período é preciso estar com o trigo totalmente fora da área. Isso garantirá qualidade, pois o grão não terá umidade nem fungos, e também não terá problemas com pragas e multiplicação de doenças”, finaliza o engenheiro agrônomo, lembrando ainda que a cultura do trigo irrigado apresenta menos doenças do que o trigo normal de safrinha.
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