Trânsito em Cuiabá é desordenado; tem até "desvio" de quebra-molas
Cuiabá está sob o signo da “Paz no Trânsito”, um movimento – de nome já quase banalizado - lançado na última quarta-feira pela Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes Urbanos (SMTU), da Prefeitura de Cuiabá. A iniciativa reúne representante de vários segmentos da sociedade, que buscam “um trânsito mais humano” para a Capital. E a julgar pelo que se vê nas ruas da cidade e pela pesquisa que subsidiou a criação do movimento, vai ser duro de emplacar. Os dados revelam que 84,4% avaliam que o trânsito de Cuiabá é violento. Mais que isso: para 78,4%, é desordenado, a ponto de se encontrar até mesmo “desvio” contra quebra-molas numa das vias mais nobres e movimentadas da cidade, a Avenida Rubens de Mendonça.
De tão desordenado, o trânsito de Cuiabá chega a ser irritante. Fora algumas poucas ações de melhoria efetiva, que conjugam segurança com fluidez, muito pouco se aproveita. Há gargalos sem solução. E há soluções inadequadas. É preciso ter “paciência de Jó” para ser condutor pela cidade. Que digam os motoristas de táxi, considerados os maiores especialistas no assunto. “O trânsito não fui, não anda. É muito quebra-molas, é muito sinaleiro. É gente invadindo as ruas, faltam faixas de segurança, faltam passarelas e por ai vai” – reclama Leonildo Pinheiro de Moraes, há uma ano e meio atuando “na praça”. Ele conta que os passageiros são pródigos nas reclamações.
As aberrações no trânsito de Cuiabá são muitas. A maior de todas elas está no retorno – que a SMTU classifica como contorno – na Avenida Miguel Sutil, na altura do Centro de Eventos do Pantanal. Localizado no final de uma descida forte, foi dada a preferencial para quem quer retornar em outro sentido pela avenida ou ir para o Centro de Eventos. Depois de um acidente sério no local, a secretaria responsável manteve a teimosia da lógica e decidiu “investir” no local: aplacou a velocidade com quebra-molas no final da descida e estreitou a via. Depois da “grande obra” já ocorreram pequenas batidas, com engavetamentos. Pode acontecer coisas piores.
Aliás, a “política dos quebra-molas” como instrumento de educação no trânsito se transformou na prioridade da Prefeitura. Tem para todos os gostos. Na Avenida Rubens de Mendonça, por exemplo, foi instalado um redutor de velocidade pela metade em frente ao Supermercados Comper. Sem exigir da empresa adequações para entrada e saída de veículos de seu estacionamento, como afastamento, foi executado um projeto desprovido de planejamento – para beneficiar o empreendimento com o retorno de veículos. O quebra-molas – da qual se pode “escapar” usando uma pista a esquerda retornando ao centro da via com maior velocidade, está localizado a pouco mais de 50 metros de um sinaleiro, que contribui apenas para “afogar” o trânsito no local.
Quando se fala em planejamento de trânsito, em verdade, essa região entre o Grande Templo da Assembléia de Deus e o viaduto da Avenida Rubens de Mendonça, que cruza a Miguel Sutil, fica muito a dever. Os semáforos, quase todos, estão mal colocados. Subindo para o CPA, são cinco semáforos instalados. Pelo menos dois servem apenas para atrapalhar o trânsito: um que é usado para a travessia de pedestres, quando se poderia instalar uma passarela, e outro na altura do Comper, usado para os veículos que descem do CPA para o centro retornarem e entrarem no Shopping Pantanal. Entre a saída do Centro Político Administrativo
No sentido contrário, são seis. Entre a saída do Centro Político Administrativo e o supermercado, onde se desvia do quebra-molas, numa distância de aproximadamente 500 metros, o condutor é obrigado a enfrentar três sinaleiros – nenhum sincronizado. Resultado: na hora do “rush”, especialmente quando os servidores públicos deixam o Centro Político é um “Deus nos acuda”. Pela proximidade um do outro, os próprios sinaleiros não conseguem regular o fluxo de veículos.
Na contra-mão dos investimentos ditos “equivocados” na adequação viária de Cuiabá, há um componente que há muito se foi: a educação no trânsito. Exceção de uma “trupe” que circulou pelas vias da cidade tentando conscientizar os condutores a usarem o cinto de segurança, pouco se viu. Os chamados “amarelinhos”, por sua vez, são mal-vistos, já que não pouco ajudam a organizar o trânsito e, por outro lado, vivem fomentando o que se chama de “máquina de multas”.
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