Mantega diz que Brasil crescerá mais do que o FMI prevê
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta sexta-feira que o Brasil crescerá mais que o previsto pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), beirando 4,8% este ano e chegando a 5% no ano que vem.
O FMI previu que o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil cresceria 4,4% este ano e 4% em 2008, diminuindo em dois décimos o cálculo de julho.
No entanto, Mantega afirmou que não há nenhum sinal que indique que o crescimento brasileiro vá desacelerar no ano que vem.
"Acho que o Fundo Monetário fez uma análise errada da dinâmica da economia brasileira", declarou o ministro no próprio FMI, onde está para participar da assembléia anual do organismo com o Banco Mundial, de sábado a segunda-feira.
Mantega assegurou que os números do Fundo "demonstram um desconhecimento do que acontece no Brasil, que cresce de forma robusta."
Ele previu que a economia do país crescerá entre 4,7% e 4,8% este ano e 5% em 2008, e que o impacto da recente turbulência financeira, "se existe, será pequeno."
"Não vai afetar o ritmo da economia brasileira, que hoje depende mais do mercado interno que do externo", acrescentou Mantega.
Os números de inflação do Fundo e do Governo Federal também diferem. O FMI prevê que o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) subirá 3,6% este ano e 3,9% em 2008.
Como contam com um crescimento econômico maior, as previsões oficiais indicam uma inflação de 4% em 2007 e de entre 4,1% e 4,2% em 2008. Apesar de esses números serem mais altos que os do FMI, Mantega garantiu que a inflação "está sob controle, o que permitirá novas reduções nas taxas de juros."
Ele também destacou outra área de divergência com o FMI: a política cambial. Segundo o ministro, o FMI recomendou ao Brasil "deixar que o real se valorize radicalmente."
O Banco Central acumula reservas em moeda estrangeira para "moderar" essa valorização, "de modo que a permitir a adaptação da estrutura produtiva do país" a um dólar mais baixo, explicou.
"É claro que uma valorização excessiva do real me preocupa, porque prejudica uma parte das exportações", alegou.
O tema principal da reunião deste fim de semana será a redistribuição do voto no FMI, que é outro ponto de discórdia entre o Brasil e a gerência do organismo.
O processo de negociações "avançou, mas pouco. Caminhamos com muita lentidão", queixou-se Mantega.
Ele reivindicou mais voto para o Brasil e os outros países emergentes por seu papel cada vez mais importante na economia mundial.
"Ou o Fundo muda, ou o Fundo perece", disse Mantega.
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