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FMI precisa da competição do Banco do Sul, diz Stiglitz
De Washington - Joseph Stiglitz, ex-chefe do Banco Mundial (Bird) e vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2001, acredita que o Fundo Monetário Internacional se tornou um ''clube de países ricos'' e que a criação do Banco do Sul em vez de uma ameaça oferece, pelo contrário, ''a competitividade da qual o fundo necessita''.
''Existem duas falhas graves dentro do FMI. Uma delas é que se ele se tornou um clube dos países ricos, dos Estados Unidos e da Europa, principalmente. E dentro dele, apenas um país, os Estados Unidos, tem o poder de veto. Os Estados Unidos são atualmente a principal fonte de instabilidade no mundo, como se viu na crise do setor de subprime (de hipotecas de alto risco)'', disse Stiglitz à BBC Brasil.
Mas o ex-chefe do Bird acrescenta que ''o FMI não se atreve a criticar os Estados Unidos, mesmo porque o país é o principal financiador do fundo, o que torna difícil para o FMI ter uma visão objetiva desses fenômenos''.
O economista comenta que o fundo precisa rever o seu papel e ''se reinventar''. Por conta disso, ele acredita que a criação do Banco do Sul deve ser saudada, uma vez que o próprio fundo ''precisa de competitividade, de diversidade''.
O Banco do Sul partiu de uma iniciativa da Venezuela. Ele visa financiar projetos de desenvolvimento regionais e pretende ser uma alternativa local a instituições como o próprio FMI, o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, todos com sedes em Washington.
A instituição deverá contar com a participação da Argentina, Bolívia, Brasil, Equador, Paraguai e Venezuela. A data prevista para o início de seu funcionamento é no próximo dia 3 de novembro. Na semana passada, a Colômbia manifestou interesse em aderir ao Banco do Sul.
No entender de Stiglitz, o Banco do Sul poderá ter mais sensibilidade para lidar com crises locais do que o FMI. Ele cita o exemplo da crise econômica do Leste Asiático, que teve início no final dos anos 90, para enfatizar a suposta inaptidão do fundo em saber como agir diante de situações adversas regionais.
''Quando estourou a crise no Leste Asiático, havia uma pressão local para que se criasse um fundo asiático, mais capaz de entender a situação vivida na região e as estruturas locais, porque o FMI não estava sendo capaz de compreender o que estava se passando por lá''.
O economista defende ainda uma completa reformulação na forma como tanto os líderes do FMI como do Banco Mundial são selecionados, que é também uma das reivindicações de alguns países em desenvolvimento, entre eles o Brasil.
Pelo acordo em vigor desde a criação dos dois órgãos, em 1949, o comando do Banco Mundial fica com os Estados Unidos e o do FMI, com a Europa.
''Eu venho defendendo mudanças há oito anos. Eu desaprovei a forma como tanto Horst Köhler e Rodrigo de Rato foram escolhidos'', diz Stiglitz em relação aos mais recentes detentores do cargo de diretor do FMI. O espanhol De Rato será substituído em 1º de novembro pelo francês Dominique Strauss-Kahn.
Stiglitz comenta que os recentes episódios envolvendo Paul Wolfowitz, o ex-presidente do Banco Mundial, ''abriram os olhos'' da instituição. Wolfowitz renunciou ao cargo em 30 de junho deste ano, após o escândalo em que foi acusado de nepotismo por haver autorizado a promoção de sua namorada, Shaha Riza, que também trabalhava no banco.
''Mas, mesmo depois disso, eles deram continuidade a um sistema fracassado de escolha sucessória. Existem movimentos, mas não saberia dizer se o processo de escolha das próximas lideranças já será diferente'', comenta o ex-presidente do Bird.
Em relação ao atual presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, Stiglitz diz que ''há referências de que ele trabalha duro e é muito envolvido, mas tenho dúvidas de que o nome dele estaria na lista final se não coubesse aos Estados Unidos indicar o presidente do órgão''.
Mas, acrescenta o economista, o presidente George W. Bush ''não apenas determina a lista final, como até mesmo a lista completa. E Bush não tem qualquer compreensão de desenvolvimento ou de multilateralismo''.
''Existem duas falhas graves dentro do FMI. Uma delas é que se ele se tornou um clube dos países ricos, dos Estados Unidos e da Europa, principalmente. E dentro dele, apenas um país, os Estados Unidos, tem o poder de veto. Os Estados Unidos são atualmente a principal fonte de instabilidade no mundo, como se viu na crise do setor de subprime (de hipotecas de alto risco)'', disse Stiglitz à BBC Brasil.
Mas o ex-chefe do Bird acrescenta que ''o FMI não se atreve a criticar os Estados Unidos, mesmo porque o país é o principal financiador do fundo, o que torna difícil para o FMI ter uma visão objetiva desses fenômenos''.
O economista comenta que o fundo precisa rever o seu papel e ''se reinventar''. Por conta disso, ele acredita que a criação do Banco do Sul deve ser saudada, uma vez que o próprio fundo ''precisa de competitividade, de diversidade''.
O Banco do Sul partiu de uma iniciativa da Venezuela. Ele visa financiar projetos de desenvolvimento regionais e pretende ser uma alternativa local a instituições como o próprio FMI, o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, todos com sedes em Washington.
A instituição deverá contar com a participação da Argentina, Bolívia, Brasil, Equador, Paraguai e Venezuela. A data prevista para o início de seu funcionamento é no próximo dia 3 de novembro. Na semana passada, a Colômbia manifestou interesse em aderir ao Banco do Sul.
No entender de Stiglitz, o Banco do Sul poderá ter mais sensibilidade para lidar com crises locais do que o FMI. Ele cita o exemplo da crise econômica do Leste Asiático, que teve início no final dos anos 90, para enfatizar a suposta inaptidão do fundo em saber como agir diante de situações adversas regionais.
''Quando estourou a crise no Leste Asiático, havia uma pressão local para que se criasse um fundo asiático, mais capaz de entender a situação vivida na região e as estruturas locais, porque o FMI não estava sendo capaz de compreender o que estava se passando por lá''.
O economista defende ainda uma completa reformulação na forma como tanto os líderes do FMI como do Banco Mundial são selecionados, que é também uma das reivindicações de alguns países em desenvolvimento, entre eles o Brasil.
Pelo acordo em vigor desde a criação dos dois órgãos, em 1949, o comando do Banco Mundial fica com os Estados Unidos e o do FMI, com a Europa.
''Eu venho defendendo mudanças há oito anos. Eu desaprovei a forma como tanto Horst Köhler e Rodrigo de Rato foram escolhidos'', diz Stiglitz em relação aos mais recentes detentores do cargo de diretor do FMI. O espanhol De Rato será substituído em 1º de novembro pelo francês Dominique Strauss-Kahn.
Stiglitz comenta que os recentes episódios envolvendo Paul Wolfowitz, o ex-presidente do Banco Mundial, ''abriram os olhos'' da instituição. Wolfowitz renunciou ao cargo em 30 de junho deste ano, após o escândalo em que foi acusado de nepotismo por haver autorizado a promoção de sua namorada, Shaha Riza, que também trabalhava no banco.
''Mas, mesmo depois disso, eles deram continuidade a um sistema fracassado de escolha sucessória. Existem movimentos, mas não saberia dizer se o processo de escolha das próximas lideranças já será diferente'', comenta o ex-presidente do Bird.
Em relação ao atual presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, Stiglitz diz que ''há referências de que ele trabalha duro e é muito envolvido, mas tenho dúvidas de que o nome dele estaria na lista final se não coubesse aos Estados Unidos indicar o presidente do órgão''.
Mas, acrescenta o economista, o presidente George W. Bush ''não apenas determina a lista final, como até mesmo a lista completa. E Bush não tem qualquer compreensão de desenvolvimento ou de multilateralismo''.
Fonte:
BBCBrasil
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/202445/visualizar/
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