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Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Quarta - 17 de Outubro de 2007 às 17:00

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A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) voltou a cobrar do governo medidas que permitam que o dólar se acomode na faixa entre R$ 2,20 e R$ 2,30, patamar considerado satisfatório pela entidade.

Um estudo elaborado pelo Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp mostra que, com o crescimento econômico mundial, a maioria das moedas vêm se valorizando ante o dólar.

Porém, o real têm mostrado um avanço muito mais significativo. Nos últimos quatro anos, a moeda brasileira valorizou-se 37% sobre o dólar, enquanto que a média global, entre as 17 moedas analisadas, está na casa dos 17%.

A crescente entrada de dólares no país é a grande responsável pela valorização do real, porém a origem desses recursos é desconhecida da maioria da sociedade, segundo aponta o estudo.

Conta financeira

Pelo levantamento da Fiesp, durante o primeiro semestre deste ano, cerca de US$ 59,8 bilhões de dólares desembarcaram no Brasil via transações financeiras, como investimento estrangeiro direto (IED), investimento em carteira (para compra de ações e títulos públicos), derivativos e outros investimentos - a chamada conta financeira.

Já o saldo das transações correntes, que envolve a balança comercial e de serviços, registrou entrada líquida de apenas US$ 4,4 bilhões no mesmo período.

Segundo a Fiesp, a situação chegou a esse ponto em razão dos juros altos, que permitem ao investidor estrangeiro captar recursos baratos lá fora e aplicar a taxas maiores no mercado brasileiro, em operação conhecida como arbitragem de juros.

Pauta de reivindicação

Há quatro meses, uma relação de seis propostas para evitar que o dólar caia ainda mais foi encaminhada ao governo. O principal problema apontado é a taxa de juros interna.

"Mas como não acreditamos que ela venha a cair significativamente no curto prazo, encaminhamos essas medidas", afirmou Roberto Gianetti da Fonseca, diretor do departamento responsável pelo estudo.

Segundo ele, a única proposta atendida parcialmente pelo governo foi a que limita a posição vendida dos bancos, pela qual essas instituições se comprometem a vender dólares no mercado, o que acaba desvalorizando ainda mais a moeda. "As outras foram ignoradas até agora", afirmou Gianetti.

A relação envolve algumas demandas já conhecidas, como a permissão para que os exportadores mantenham fora do país 100% dos recursos obtidos com suas vendas externas.

Outra é a de que os investidores estrangeiros sejam obrigados a pagar Imposto de Renda (IR) sobre suas aplicações em títulos públicos federais. "Essa isenção é antipatriótica", protesta Gianetti. A isenção aos estrangeiros passou a vigorar no início de 2006 e, de lá até junho deste ano, as aplicações nesses papéis saltaram de R$ 5,7 bilhões para R$ 53,6 bilhões.

A Fiesp também cobrou do governo uma intensificação do já existente programa de recompra de títulos da dívida externa e uma interrupção, por 180 dias, de novas emissões.

Outra solicitação da entidade é o estabelecimento de prazos para liquidação dos contratos de importação, já que muitas empresas costumam rolar esses pagamentos e acabam mantendo dólares por mais tempo no país, o que também reflete no câmbio.

Por último, a entidade sugere que o governo trabalhe para desestimular a utilização do Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), instrumento pelo qual os exportadores antecipam no exterior os dólares que ainda irão receber por suas exportações.

A proposta da Fiesp é que essas empresas utilizem recursos do BNDES, oriundos do programa FAT Cambial, que também deveria ser ampliado. Dessa forma, acredita a Fiesp, os exportadores poderiam levantar recursos a custos comparáveis aos praticados no ACC, porém sem internalizar os dólares.




Fonte: Valor Online

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