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Análise: Governo turco enfrenta pressão por ofensiva no Iraque
De Istambul - A morte de 13 soldados turcos em um confronto com membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em curdo) no último domingo fez aumentar a pressão sobre o governo da Turquia para que realize uma ofensiva através da fronteira com o Iraque, para acabar com bases do grupo separatista em território iraquiano.
A imprensa do país acredita que 97 soldados turcos morreram apenas neste ano, quando a Turquia lançou uma ofensiva contra os separatistas.
Além dos 13 mortos na emboscada do último fim de semana - o maior número de vítimas fatais em um ataque do tipo em anos -, no fim de semana anterior, 12 passageiros foram retirados de um microônibus e baleados na mesma província, Sirnak, na fronteira turco-iraquiana.
Novamente, o ataque foi atribuído a rebeldes do PKK, um grupo banido na Turquia e considerado uma "organização terrorista" tanto pela União Européia quanto pelos Estados Unidos.
Com a pressão aumentando, o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan autorizou as autoridades do país, inclusive os militares, a fazer tudo o que for necessário para acabar com o que ele chamou de uma "organização terrorista em um país vizinho", inclusive operações militares através da fronteira.
Até agora, o governo vinha reiterando sua determinação em lutar contra o grupo, mas não por meio de uma ação militar no Iraque - uma medida à qual se opõem Bagdá e Washington.
As mortes do último fim de semana dominaram os meios de comunicação no país, que exibem imagens dos familiares segurando fotos dos jovens soldados mortos. Nos telejornais, os âncoras leram os nomes dos 13 soldados, e tudo isso tem reforçado o clima de comoção e revolta, que alimenta os pedidos de uma ofensiva em território iraquiano.
Sahin Alpay, um colunista do jornal turco Zaman, disse que os ataques do PKK estão "certamente criando uma atmosfera na qual há pedidos para a adoção de duras medidas de repressão, possivelmente impulsionando uma intervenção militar".
"Mas isso realmente seria uma loucura", disse. "Todo mundo sabe que a maior parte do PKK está baseada dentro da Turquia. É uma distorção fingir que esse problema é importado do exterior."
O general da reserva Haldun Solmazturk, que durante anos participou de missões na fronteira turco-iraquiana, é um dos que defendem a ofensiva no Iraque.
"Essa emboscada (do último domingo) indica que os militares precisam rever inteiramente sua estratégia no sudeste", disse.
Mas o general reconhece que "ação militar, apenas, não é suficiente", mas "é necessário encarar os fatos".
"Se o PKK pode andar por aí matando 12 ou 13 pessoas, então há um problema sério. Um com o qual é necessário lidar."
O governo de Ancara acredita que cerca de três mil militares do PKK estão baseados no norte do Iraque.
Formado nos anos 70, o grupo originalmente surgiu como uma organização marxista com o objetivo de criar um Estado independente para os curdos.
Depois de 15 anos de atividade do PKK, durante os quais 37 mil pessoas foram mortas, em 1999, o líder da organização, Abdullah Ocalan, foi preso.
Nos dois anos seguintes, houve uma diminuição da violência, mas ela voltou a aumentar neste ano.
Muitos acreditam que o PKK, também acusado de praticar contrabando, está tentando sabotar os esforços das autoridades para levar um clima de normalidade à fronteira com o Iraque, pois isso pode representar um risco a seus interesses ilegais.
Outros acham que a organização está sendo usada por grupos que se opõem à democratização da Turquia e à entrada do país na União Européia.
O PKK, por sua vez, insiste que seu objetivo é lutar pelos direitos políticos e culturais dos curdos.
Neste ano, pela primeira vez em 15 anos, políticos que defendem os direitos dos curdos, membros do partido DTP, assumiram cadeiras no Parlamento turco.
A novidade despertou esperança de que a questão curda possa ser resolvida de maneira democrática e pacífica, mas as mortes recentes em Sirnak representam uma ameaça a isso - ainda mais porque o DTP se recusa a classificar os membros do PKK como "terroristas".
A imprensa do país acredita que 97 soldados turcos morreram apenas neste ano, quando a Turquia lançou uma ofensiva contra os separatistas.
Além dos 13 mortos na emboscada do último fim de semana - o maior número de vítimas fatais em um ataque do tipo em anos -, no fim de semana anterior, 12 passageiros foram retirados de um microônibus e baleados na mesma província, Sirnak, na fronteira turco-iraquiana.
Novamente, o ataque foi atribuído a rebeldes do PKK, um grupo banido na Turquia e considerado uma "organização terrorista" tanto pela União Européia quanto pelos Estados Unidos.
Com a pressão aumentando, o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan autorizou as autoridades do país, inclusive os militares, a fazer tudo o que for necessário para acabar com o que ele chamou de uma "organização terrorista em um país vizinho", inclusive operações militares através da fronteira.
Até agora, o governo vinha reiterando sua determinação em lutar contra o grupo, mas não por meio de uma ação militar no Iraque - uma medida à qual se opõem Bagdá e Washington.
As mortes do último fim de semana dominaram os meios de comunicação no país, que exibem imagens dos familiares segurando fotos dos jovens soldados mortos. Nos telejornais, os âncoras leram os nomes dos 13 soldados, e tudo isso tem reforçado o clima de comoção e revolta, que alimenta os pedidos de uma ofensiva em território iraquiano.
Sahin Alpay, um colunista do jornal turco Zaman, disse que os ataques do PKK estão "certamente criando uma atmosfera na qual há pedidos para a adoção de duras medidas de repressão, possivelmente impulsionando uma intervenção militar".
"Mas isso realmente seria uma loucura", disse. "Todo mundo sabe que a maior parte do PKK está baseada dentro da Turquia. É uma distorção fingir que esse problema é importado do exterior."
O general da reserva Haldun Solmazturk, que durante anos participou de missões na fronteira turco-iraquiana, é um dos que defendem a ofensiva no Iraque.
"Essa emboscada (do último domingo) indica que os militares precisam rever inteiramente sua estratégia no sudeste", disse.
Mas o general reconhece que "ação militar, apenas, não é suficiente", mas "é necessário encarar os fatos".
"Se o PKK pode andar por aí matando 12 ou 13 pessoas, então há um problema sério. Um com o qual é necessário lidar."
O governo de Ancara acredita que cerca de três mil militares do PKK estão baseados no norte do Iraque.
Formado nos anos 70, o grupo originalmente surgiu como uma organização marxista com o objetivo de criar um Estado independente para os curdos.
Depois de 15 anos de atividade do PKK, durante os quais 37 mil pessoas foram mortas, em 1999, o líder da organização, Abdullah Ocalan, foi preso.
Nos dois anos seguintes, houve uma diminuição da violência, mas ela voltou a aumentar neste ano.
Muitos acreditam que o PKK, também acusado de praticar contrabando, está tentando sabotar os esforços das autoridades para levar um clima de normalidade à fronteira com o Iraque, pois isso pode representar um risco a seus interesses ilegais.
Outros acham que a organização está sendo usada por grupos que se opõem à democratização da Turquia e à entrada do país na União Européia.
O PKK, por sua vez, insiste que seu objetivo é lutar pelos direitos políticos e culturais dos curdos.
Neste ano, pela primeira vez em 15 anos, políticos que defendem os direitos dos curdos, membros do partido DTP, assumiram cadeiras no Parlamento turco.
A novidade despertou esperança de que a questão curda possa ser resolvida de maneira democrática e pacífica, mas as mortes recentes em Sirnak representam uma ameaça a isso - ainda mais porque o DTP se recusa a classificar os membros do PKK como "terroristas".
Fonte:
BBC Brasil
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/203500/visualizar/
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