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Internacional
Domingo - 07 de Outubro de 2007 às 08:09

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- Ainda na adolescência, o general Harry Villegas largou a vida de lavrador no interior de Cuba para pegar em armas contra o governo de Fulgencio Batista. Ele acabou sob o comando de Ernesto Che Guevara.

Villegas chegou a chefe da segurança pessoal do comandante Guevara, o acompanhou à África quando Che tentou criar um núcleo guerrilheiro no Congo e foi um dos únicos cubanos a sobreviver à ofensiva do exército boliviano.

Hoje em dia, 40 anos depois da traumática experiência, Villegas concedeu a entrevista abaixo ao correspondente da BBC em Havana, Fernando Ravsberg.

Convivi com ele desde os 15 ou 14 anos.

Pelo lado pessoal, ele me deixou o exemplo de lutar, de que sempre se pode mais, o exemplo de que quando se luta com amor, com paixão, quando se mergulha em uma obra, uma causa, sempre se pode chegar à vitória.

Bem, acho que quando Che se foi, fez uma avaliação de como andava a revolução cubana e, em seus últimos escritos, que fez durante a sua viagem pela África e pela Ásia - na carta a Quijano - deixa bem claro que o processo revolucionário de Cuba naquele momento era irreversível.

Depois, nós tivemos problemas: desapareceu o campo socialista, o boicote foi reforçado, nos vimos obrigados a fazer concessões de caráter econômico, como aceitar o dólar, um conjunto de coisas que voltaram a dificultar alcançar este homem com o qual Che sonhara e do qual era protótipo. Não podemos dizer que o temos hoje, seguimos lutando para construí-lo.

Bem, agora mesmo te expliquei que para Che a guerra de guerrilhas era a última alternativa para tomar o poder, que sempre que houvesse outro caminho, no qual não fosse necessário usar a violência - que sempre representa morte, destruição, sacrifício -, seria o mais correto.

Mas como não havia outra alternativa, ele escolheu este caminho.

Acho que se sentiria muito bem, feliz, acho que realmente há uma alternativa para poder construir um mundo diferente, um mundo melhor.

Estou pensando em como cresceram as desigualdades sociais em nosso país, pensando no que disse Fidel sobre o risco da corrupção, que também cresceu.

Há um debate político, por exemplo, em todo o país, nas fábricas, no bairros...

Acho que Che estaria ao lado de Fidel, lutando ali ombro a ombro, quebrando a cabeça para conseguir recuperar todas estas coisas que se foram perdendo, entende?

Mas acho que o mais importante é a tomada de consciência em todo o nosso povo, que a está tomando abertamente, de que está em nossas mãos poder construir e manter essa sociedade e garantir o socialismo.

Esse é o objetivo fundamental, sem ter medo de ver as nossas deficiências. Foi isso que fomos convocados a fazer pelo segundo secretário do partido.

Além disso, a única forma de resolver as deficiências e os problemas é tomando consciência de que eles existem, e acho que Che realmente compreenderia que atualmente, o único caminho que temos é discutir, analisar, com toda a nossa juventude, todo o nosso povo, qual foi a obra da revolução, a que aspira a revolução.





Fonte: BBC Brasil

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