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Economia
Sexta - 05 de Outubro de 2007 às 18:28

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Principal produtor e exportador de algodão do País, o estado do Mato Grosso é responsável por 52% da produção nacional. Este ano, os produtores passaram a buscar um novo diferencial: o Selo de Conformidade Social, um mecanismo pioneiro de certificação na agricultura brasileira que informa a origem do produto cultivado por empreendedores rurais de Mato Grosso, bem como o respeito aos direitos dos trabalhadores no campo. Atesta que a produção é desenvolvida sem utilização de trabalho forçado, indigno e degradante ou mão-de-obra infantil.

O Instituto Algodão Social (IAS), entidade criada em 2005 pela Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (AMPA), apresentou o selo a representantes da indústria têxtil brasileira e do mercado internacional e aos principais produtores de algodão do país, em agosto, durante a programação técnica do VI Congresso Brasileiro do Algodão, evento mais importante do setor.

No dia 3 de outubro, em São Paulo, o IAS firmou acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), visando à certificação do processo de emissão do Selo de Conformidade Social. A partir desta parceria, a certificação na próxima safra (2007/2008) passará a ter o acompanhamento dos auditores da ABNT, garantindo através de uma terceira parte independente a total transparência dos processos de auditorias aplicados pelo IAS.

“A instituição do Selo de Conformidade Social traduz uma preocupação global, que é a de promover a um só tempo o desenvolvimento de um segmento econômico e os direitos do trabalhador do campo, condenando eventuais práticas e degradantes”, destacou o diretor geral da ABNT, Ricardo Fragoso, na abertura do evento de assinatura.

Fragoso também manifestou a satisfação da organização pela oportunidade de contribuir para que a iniciativa avance ainda mais, reforçando no Brasil e no mercado internacional a excelência do IAS e, por conseqüência, do Estado do Mato Grosso. “Trabalharemos juntos a partir da próxima safra, somaremos conhecimentos, numa parceria que, com certeza, terá a marca da inovação, da qualidade, da transparência, da competitividade e do sucesso”, afirmou.

O início do trabalho do IAS foi lembrado pelo presidente Christopher Barry Ward como um grande desafio que exigiu mudança de atitude de muitos produtores. “Fizemos a primeira parte na base do entusiasmo e definimos os objetivos, depois passamos para a fase da certificação, divulgamos o conceito nas fazendas e agora, com a auditoria externa, saberemos se estamos no caminho certo ou se teremos de adotar um novo”, disse Ward. Em seguida disse estar certo de que, apesar das realidades diferentes no País e nos mercados concorrentes, o algodão brasileiro terá o merecido destaque internacional.

José Pupin, que ocupou a presidência de Administração do IAS até este ano, lembrou que os produtores de algodão do Mato Grosso hoje são empreendedores que acreditam no movimento iniciado com o lançamento do Selo Algodão Social. “No mercado internacional nós somos muito respeitados, trazemos compradores lá de fora e mostramos a nossa realidade e o quanto estamos comprometidos com o processo de certificação do algodão”, comentou. Segundo ele, nem os brasileiros têm idéia da magnitude do trabalho realizado no Mato Grosso, com total respeito aos requisitos dos compradores, compreendendo desde a qualidade do produto até a embalagem e elaboração de contrato. Isso se reflete na conquista de novos clientes que antes se abasteciam no mercado asiático.

O diretor executivo do IAS, Félix Balaniuc, vê a parceria com a ABNT como uma forma de consolidar o processo. “Vamos seguir as normas da ABNT, que é uma referência nacional, e estamos muito felizes porque teremos uma caminhada segura, firme, sabendo que obedecemos a princípios de vistoria, de contagem e de certificação”, afirmou. Ele acredita que a marca ABNT contribuirá para o reconhecimento dentro e fora do Brasil. “Para nós é um novo tempo, é uma nova história e o algodão do Mato Grosso vai ser exemplo nacional no agronegócio”, destacou, manifestando ainda a expectativa de que a iniciativa do IAS se estenda a outros estados que também são grandes produtores, como a Bahia, Minas Gerais e Goiás.

A cerimônia de assinatura teve também a presença de: Antônio Carlos de Oliveira e Márcia Beatriz Leal, diretores da consultoria Vetor C; Jan Robert Daniel, diretor da Robert Daniel Corretor S/C Ltda; João Carlos Jacobsen, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa); Maria Paula Luporini, gerente de Relacionamento da FMC Agricultural Products; Renato Leme e Sylvio Napoli, diretores da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção ( Abit). Pela ABNT, além de Ricardo Fragoso, participaram o gerente geral de Certificação Antonio Carlos Barros de Oliveira, o diretor de Desenvolvimento e Informação Carlos Santos Amorim Júnior, o gerente de Negócios Odilão Teixeira e Paulo Rossetto, gerente comercial de Certificação em São Paulo.

Etapas vencidas - No primeiro passo para implantação do processo de certificação, o IAS orientou os produtores de algodão. Na segunda etapa, os trabalhos de esclarecimento, educação e treinamento foram dirigidos aos trabalhadores que também precisaram se adaptar à nova realidade, em conformidade com as leis trabalhistas brasileiras, de manuseio de agrotóxicos e uso de equipamentos de proteção, entre outras práticas destinadas ao meio rural. A conquista do apoio de entidades representantes da indústria têxtil foi o terceiro passo na consolidação do projeto, que se complementa agora com a assinatura do acordo com a ABNT.

Para adequação às normas do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), as fazendas de Mato Grosso fizeram investimentos superiores a R$ 16 milhões. O IAS investiu outros R$ 2 milhões para viabilizar estrutura gerencial e de campo com equipes constituídas por técnicos em Recursos Humanos e Segurança do Trabalho. Os produtores de algodão de Mato Grosso consideram que legislação foi feita para ser cumprida. Com apoio e orientação do IAS, asseguram que as condições de trabalho nas fazendas produtoras de algodão de Mato Grosso são excelentes.

Mato Grosso é o principal produtor e exportador de algodão do País, sendo responsável por 52% da produção nacional. Na safra 2004/2005, foram colhidas 6.390 toneladas de plumas, em uma área plantada de 425 mil hectares. Na safra 2006/2007, apesar da queda do dólar, houve expansão de 30% da área plantada, que passou a ser de 550 mil hectares. Atualmente a cotonicultura oferece cerca de 55 mil empregos diretos e 110 mil indiretos em Mato Grosso.

ABNT Certificadora - A ABNT atua desde a década de 50 na certificação de conformidade de produtos e serviços. Esta atividade está fundamentada em guias e princípios técnicos internacionalmente aceitos e alicerçada em uma estrutura técnica e de auditores multidisciplinares, garantindo credibilidade, ética e reconhecimento dos serviços prestados.

Em decorrência deste conhecimento acumulado nas últimas décadas, a ABNT Certificadora está capacitada a atender de forma abrangente tanto às exigências governamentais, quanto às iniciativas voluntárias do mercado produtor e consumidor, em busca da identificação e seleção de organizações com padrão de qualidade de produtos e serviços.

Neste aspecto, a certificação ABNT tem sido um forte instrumento para elevação dos padrões setoriais de concorrência, assegurando vantagens competitivas para os produtos e serviços que ostentam sua marca e, para as organizações, uma possibilidade a mais para diferenciação e crescimento.




Fonte: 24 Horas News

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