Plantio de cana gera política entre ministérios
Depois dos transgênicos, a polêmica envolvendo a autorização para plantio de cana-de-açúcar na Amazônia será o novo embate entre os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, que têm posições contrárias sobre o assunto. Na semana passada, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, reafirmou que o plantio na região deverá ser permitido e incentivado em áreas já degradadas ou devastadas. Isso provocou uma reação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que ligou para Stephanes. Reinhold Stephanes e incentivado em áreas já degradadas ou devastadas. Isso provocou uma reação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que ligou para Stephanes. Na conversa, ela "confirmou e reafirmou" que o governo não vai estimular o plantio que resulte direta ou indiretamente em desmatamento da Amazônia, contou o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco.
A polêmica extrapolou os gabinetes e chegou ao Congresso Nacional. A senadora Kátia Abreu (DEM-TO), integrante da chamada bancada ruralista, acusou a ministra de desrespeitar a Constituição Federal. "Os produtores têm livre arbítrio. Não tem cabimento impor restrição ao plantio em áreas degradadas. É inconstitucional." Já o deputado Ivan Valente (PSol-SP) acredita que autorizar o plantio, com ou sem incentivo, é um "erro crasso". "Autorizar o plantio é atentar contra o interesse público de preservação da floresta", comentou. O deputado discorda da proposta do ministro de autorizar a instalação de canaviais apenas em áreas degradadas. "Primeiro (os agricultores) vão degradar e depois plantar cana. A lei permite", ironizou. Para o senador Jonas Pinheiro (DEM-MT), que também faz parte da tropa de choque dos ruralistas no Congresso, se a ministra mantiver uma "posição radical" sobre o tema, Mato Grosso estará condenado. "A posição de não plantar representa um atraso para a economia do Estado", afirmou.
Comentários