Congonhas não tem mais vôos com destino a Cuiabá
Após dois meses de discussões com o governo, as companhias aéreas começam hoje a operar suas novas malhas em todo o País. O redesenho fará com que 62 vôos da TAM e da Gol, líderes do mercado doméstico, deixem de operar no Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo. A maioria deles já foi transferida para o Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos. Outros serão extintos. Com as mudanças, Congonhas perderá o status de principal centro de distribuição de vôos - o chamado hub - do País.
As novas regras impostas em julho pelo Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac) também proíbem escalas e conexões, limitam em 33 o número de operações (pousos e decolagens) por hora e estabelecem um raio de 1.000 quilômetros para as viagens com origem ou destino em Congonhas. Na prática, as restrições vetam os vôos diretos para cidades nas Regiões Norte, Nordeste e Cuiabá. A aviação geral (jatos executivos e táxi aéreo) seguirá utilizando o aeroporto, mas com menor volume de tráfego. A divisão será de 3 slots (permissão de pouso ou decolagem) por hora para aviação geral e 30 para a comercial.
Antes do acidente com o Airbus A320 da TAM, que deixou 199 mortos em 17 de julho, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) permitia 48 movimentos por hora, dos quais 38 para as empresas regulares e 10 para a aviação geral. Varig e OceanAir não informaram quantos vôos serão cortados.
As companhias recomendam a seus clientes com passagens marcadas para hoje ou para os próximos dias que telefonem antes para as centrais de reserva ou procurem as informações em seus sites. Além das mudanças que entram em vigor hoje, o funcionamento de Congonhas está limitado desde sábado por decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
Por ordem do desembargador Roberto Haddad, os aviões não podem operar com mais de 130 passageiros. Embora desde sexta-feira à noite as empresas tenham deixado de vender mais passagens do que o permitido pela liminar, hoje será o primeiro dia útil após as restrições. As companhias não esperam transtornos, uma vez que a taxa média de ocupação dos aviões está em 62%. Advogados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) ainda tentam reverter a decisão.
A Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) informou que nenhum esquema foi montado para auxiliar passageiros sobre as alterações. O órgão acredita que as empresas tenham avisado seus clientes. Ontem, Congonhas registrou 4 atrasos (2,1%) e 40 cancelamentos (21,1%) dentre os 190 vôos programados.
POLTRONAS - Termina hoje o prazo da consulta pública aberta pela Anac para ampliar a distância entre os assentos nos aviões. A agência propôs a criação de quatro poltronas para passageiros altos e outras quatro para obesos. Mas o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) é contra a medida e protocola hoje um ofício sugerindo que um grupo discuta o assunto.
"Não existe isso em nenhum lugar do mundo", diz o diretor de Segurança de Vôo do Snea, Ronaldo Jenkins. A polêmica em torno da distância entre as poltronas surgiu em julho, após uma queixa pública do ministro da Defesa, Nelson Jobim.
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