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Internacional
Domingo - 30 de Setembro de 2007 às 14:59

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País cujo sistema político se deteriorou ao longo da última década - período de instabilidade durante o qual teve sete presidentes -, o Equador vai às urnas hoje para escolher os responsáveis por redigir uma nova Constituição. Estão registrados 9,3 milhões de eleitores, que elegeram 130 deputados constituintes entre 3.229 candidatos.

A previsão de institutos de pesquisa é a de que o partido Aliança País, do presidente Rafael Correa - amigo do líder venezuelano, Hugo Chávez -, consiga a maioria das cadeiras.

"Após tantas crises políticas, o povo equatoriano vê Correa com esperança", afirmou a socióloga da Pontifícia Universidade Católica do Equador Natalia Sierra ao Estado, por telefone. Segundo ela, a alta popularidade do presidente - cerca de 75% de acordo com pesquisa divulgada na semana passada - deve garantir o triunfo da Aliança País.

Há nove meses no cargo, Correa, um economista de 44 anos, afirmou que colocará seu cargo à disposição da Constituinte e, ao mesmo tempo, pedirá a dissolução do Congresso unicameral, o qual ele qualifica de "corrupto e incompetente". O partido de Correa não tem nenhum deputado no Congresso em razão do boicote à eleição legislativa do ano passado.

Agora, Correa espera ser ratificado no poder pela Constituinte para avançar em seu projeto político. Assim como Chávez, Correa propõe a instalação de um "socialismo do século 21" no país. No entanto, na semana passada, o líder equatoriano disse que, diferentemente de Chávez, ele não pressionará a Constituinte para derrubar a proibição à reeleição. Correa disse ainda que não tem interesse nenhum em promover reformas para perpetuar-se no poder.

O cientista político Pablo Andrade, coordenador do Programa de Estudos Latino-Americanos da Universidade Andina Simón Bolívar, em Quito, analisa que, caso o partido governista conquiste de fato a maioria absoluta, a oposição pode tentar bloquear a Constituinte. "Neste cenário, os grupos opositores devem fazer o máximo para impedir a aprovação da nova Constituição", afirma Andrade. No entanto, o analista lembra que a oposição pode ter dificuldades em criar fortes alianças para enfrentar o presidente.

Alexei Páez, analista político da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) do Equador, acredita que a oposição não representa perigo nenhum para o Aliança País. "A oposição equatoriana é heterogênea e desorganizada", afirmou. "Nesse momento, o presidente está sozinho, diante de uma estrutura política destruída", explica Páez.

No entanto, ele ressalta que, caso a Constituinte não consiga resolver a crise política no Equador, a gestão do presidente poderá ser considerada um fracasso. "Em outras palavras, neste momento, o Equador está em um ponto de decisivo no qual ou seguimos adiante ou tudo desabará."





Fonte: AE-AP

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