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Cidades/Geral
Sábado - 29 de Setembro de 2007 às 08:17
Por: Débora Siqueira

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Por cerca de uma hora, o Centro de Cuiabá parou para assistir a passagem de aproximadamente 20 mil pessoas (estimativa da Polícia Militar) na 5ª edição da Parada da Diversidade Sexual com a participação de lésbicas, gays, travestis, bissexuais, drag-queens e simpatizantes, que saíram da Praça Santos Dumont, às 16h, após duas horas de concentração, e seguiram pela Avenida Isaac Póvoas.

Quem assistia nas calçadas expressava o apoio, mas outras pessoas mostraram também o preconceito, num evento que pretende combater toda forma de opressão. Os brilhos e as purpurinas chegaram a incomodar. Bruno, 16, e Robson, 15, xingaram os travestis que iam na frente do carro de som. "Sai pra lá coisa feia", gritou Robson a um travesti. Ela ignorou o adolescente e seguiu altiva.

Na Avenida Generoso Ponce, o aposentado Mário Souza, 82, olhava todo o desfile estarrecido. Os olhos não escondiam o misto de curiosidade e indignação. "Não desrespeito ninguém. Nos dias de hoje tudo é permitido né? Cada um faz o que acha o que é melhor para si. O mundo está perdido".

Outros avaliaram que a Parada da Diversidade Sexual é uma boa estratégia da comunidade gay cobrar respeito e reivindicar espaço na sociedade. "Eles tem que chamar a atenção. Respeito é devido a todo mundo", avalia o tabelião João Gomes. A secretária Kelb Rosa admira a coragem dos homossexuais em assumir a condição publicamente. "São corajosos porque as pessoas são preconceituosas".

Estudantes, casais de idosos e até mães com crianças de colo acompanharam a passeata. Kelen Corênia levou a pequena Maria Eduarda, 3, para a Parada da Diversidade Sexual. A mãe já ensinou para a filha que, da mesma forma que há pessoas que gostam do sexo oposto, há mulheres que amam mulheres e homens que amam homens. "Ela vai crescer respeitando as diferenças e aceitando o outro como ele é".

Protesto - Durante o percurso, o presidente do grupo Livremente, Clóvis Arantes, cobrou a aprovação do Projeto de Lei 122, que criminaliza a agressão verbal, psicológica e física contra os homossexuais. "Homofobia é crime". Ele também lembrou que as travestis são as maiores vítimas do preconceito. "Não, não, não, à discriminação. Por trás do silicone também bate um coração".

Próximo da Praça Alencastro, Clóvis Arantes lembrou que 10% da população de Cuiabá e de Mato Grosso é gay. Eles reclamaram da falta de apoio da Prefeitura de Cuiabá na realização do evento. O secretário municipal de Cultura, Mário Olímpio, tentou contornar a situação, mas os organizadores não aceitaram o apoio tardio. Apenas o secretário municipal de Saúde, Guilherme Maluf, foi lembrado como parceiro do evento por ter chegado na concentração da Parada da Diversidade Sexual com a equipe de Educação em Saúde para distribuir preservativos.

Travestis - No desfile, o travesti Daniele Prado teve seu dia de rainha. Vestido de preto, com uma meia arrastão e asas negras, ele saiu dançando na frente do carro de som. Apenas um dia para que ele pudesse sair vestido como mulher. No dia-a-dia, caso queira passear nos shoppings, ir no cinema, ele prefere ir como "hominho", como mesmo fala. Tudo para não passar por constrangimentos. "As pessoas são muito preconceituosas. Não respeitam".

Diferente dela, o travesti, que é proprietário de um salão de beleza sofre muito menos. Há seis anos é travesti e passeia normalmente em locais públicos com o namorado Éder Martins, 20. Eles estão juntos há seis meses. "Eu me imponho, por isso me respeitam. Não mexo com prostituição, não preciso disso".

Pesquisa - Durante a concentração da Parada da Diversidade Sexual, pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) questionaram a comunidade GLBT para o trabalho inédito que traça o perfil sócio-econômico e a violência com gays em Cuiabá. A coordenadora do levantamento, Vera Bertoline, explica que o trabalho deverá ser divulgado no final do mês de outubro. Pesquisas semelhantes foram desenvolvidas em outras capitais como Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. A orientação é da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, ligada a Presidência da República.





Fonte: Gazeta Digital

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